Um estudo na literatura da Shoah com Walter Benjamin e Gaston Bachelard

Alecrides Jahne Raquel Castelo Branco de Senna

Resumo


Em momentos históricos marcados pela violência infligida ao Outro, refletir sobre as marcas deixadas pelo sofrimento resultante de contextos sociais marcados pela violência, não é algo do qual a sociologia deve se eximir. Muito tem sido produzido sobre a Shoah (Catástrofe, em hebraico) e, igualmente, sobre a literatura resultante dos relatos escritos pelos sobreviventes. Esse estudo é uma tentativa de leitura desses relatos, dos campos de concentração nazistas, da segunda guerra mundial (1939-1945), e tem seu embasamento teórico em Walter Benjamin e Gaston Bachelard. Entendendo os relatos enquanto resgates de momentos históricos a partir da memória, faz-se uma discussão com os conceitos de Jeztzeit, Erfahrung e Erlebnis de Benjamin e, a concepção de instante de Gaston Bachelard. Na tentativa de colocar em constelação imagens do Lager, a leitura é feita numa perspectiva bachelardiana de repercussão e ressonância como instrumentos para uma atualização das imagens – que repercutem no pesquisador e produzem ressonâncias, que se associam às escolhas teóricas. Ao mesmo tempo em que incidem sobre uma preocupação específica, que foi o ponto de partida que é a substituição do nome pelo número no Lager, a leitura dos relatos fez luzir algumas questões que são discutidas ao longo do artigo.


Palavras-chave


literatura da Shoah; memória; judaísmo.

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2179-8478.13.2.337-358

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