“A alegria é una”: O poema em prosa e a poética da ironia / “Joy Is a Unity”: The Prose Poem and the Poetics of Irony

Olga Kempinska

Resumo


Resumo: O estudo propõe uma reflexão sobre diversas utilizações da metáfora da imersão n’água enquanto a chave para a compreensão da estrutura da subjetividade encenada no poema em prosa. Destarte, ao investigar a presença da ironia romântica voltada para a falta de acabamento e para a representação da dissimulação, duas importantes características da estrutura do poema em prosa, que surge em meados do século XIX enquanto uma forma de resistência não apenas às injunções do mercado literário do folhetim, como também ao espírito da massificação em geral, o estudo debruça-se sobre a afirmação da reunificação subjetiva como o principal desafio da poética híbrida. Os poetas tais como Stéphane Mallarmé, Paul Valéry, Henri Michaux e, mais recentemente, a polonesa Ewa Lipska são os principais interlocutores nessa tarefa proposta pelo texto de Charles Baudelaire O spleen de Paris. Seu principal desafio é a articulação da estrutura paradoxal do espírito moderno composto da tendência herética e da autocrítica.

Palavras-chave: poema em prosa; literatura francesa; ironia; riso; subjetividade.

Abstract: This paper establishes a reflection on the different uses of the metaphor of immersion in water as the key to understand the structure of the subjectivity staged in prose poems. In investigating the presence of the romantic irony aiming the lack of completion as well as the representation of dissimulation, characteristics of the prose poem structure, which emerges in the middle of the XIX Century as a form of resistance not only to the feuilleton literary market, but also to the massification spirit in general, the study analyzes the affirmation of the subjective reunification as the main challenge to poetic hybridity. Poets, such as Stéphane Mallarmé, Paul Valéry, Henri Michaux and more recently the Polish author Ewa Lipska, are important participants of this fascinating task put forward in Charles Baudelaire’s Paris Spleen. Its main challenge is the paradoxical articulation of the modern spirit structure constituted both by the heretical tendency and self-criticism.

Keywords: prose poem; French literature; irony; laughter; subjectivity.


Palavras-chave


poema em prosa; literatura francesa; ironia; riso; subjetividade; prose poem; French literature; irony; laughter; subjectivity.

Texto completo:

PDF

Referências


ALLEMANN, B. O ironii jako o kategorii literackiej. Przełożyła Maria Dramińska-Joczowa. In: GŁOWIŃSKI, M. (org.). Ironia. Gdańsk: słowo/obraz terytoria, 2002. p. 17-41.

BACHELARD, G. A água e os sonhos: ensaio sobre a imaginação da matéria. Tradução de A. de Pádua Danesi. São Paulo: Martins Fontes, 2013.

BAUDELAIRE, C. Au-delà du romantisme: Écrits sur l’art. Paris: Flammarion, 1998a.

BAUDELAIRE, C. Escritos sobre arte. Tradução de P. A. Coêlho. São Paulo: Imaginário, 1998b.

BAUDELAIRE, C. Escritos sobre arte. Tradução de P. A. Coêlho. São Paulo: Hedra, 2008.

BAUDELAIRE, C. et al. Manual do dândi: a vida com estilo. Tradução de T. Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.

BAUDELAIRE, C. Kwiaty zła: Les Fleurs du mal. Wybór Maria Lesniewska i Jerzy Brzozowski. Kraków: Wydawnictwo Literackie, 1994.

BAUDELAIRE, C. Les Fleurs du mal suivi de Petits poèmes en prose. Paris: Bordas, 1949.

BAUDELAIRE, C. O spleen de Paris: pequenos poemas em prosa. Tradução de A Zir. Porto Alegre: L&PM, 2016.

BAUDELAIRE, C. Reflexões sobre meus contemporâneos. Tradução de P. Augusto Coêlho. São Paulo: EDUC Imaginário, 1992.

BENJAMIN, W. Charles Baudelaire: um lírico no auge do capitalismo. Tradução de J. C. Martins Barbosa e H. Alves Baptista. Rio de Janeiro: Ed. Brasiliense, 1991.

BLOCH, E. Le Principe Espérance III. Traduction de F. Wuilmart. Paris: Gallimard, 1991.

EHRENZWEIG, A. L’ordre caché de l’art: essai sur la psychanalyse de l’imagination artistique. Traduction de F. Lacoue-Labarthe e C. Nancy. Paris: Gallimard, 1974.

GAY, P. Modernidad: la atracción de la herejía de Baudelaire a Beckett. Traducción de M. Pino et al. Barcelona: Paidós, 2007.

GUIETTE, R. Baudelaire et le poème en prose. Revue Belge de Philologie et d’Histoire, Brussels, t. 42, fasc. 3, p. 843-852, 1964. DOI: https://doi.org/10.3406/rbph.1964.2528.

HIDDLESTON, J. A. Baudelaire et le temps du grotesque. Cahiers de l’Association Internationale des Études Françaises, Paris, n. 41, p. 269-283, 1989. DOI: https://doi.org/10.3406/caief.1989.1719.

HUGO, V. Do grotesco e do sublime. Tradução de C. Berrettini. São Paulo: Perspectiva, 2007.

JOUVE, P. J. Le secret de Baudelaire. In: HUYGHE, R. et al. Baudelaire. Paris: Hachette, 1961. p. 57-71.

LIPSKA, E. Droga Pani Schubert. Kraków: Wydawnictwo Literackie, 2012.

LIPSKA, E. Miłośċ, droga pani Schubert. Kraków: Wydawnictwo a5, 2013.

MAKOWIECKI, A. Z. Literatura i nauka o języku. Warszawa: Wydawnictwa Szkolne i Pedagogiczne, 1995.

MALLARMÉ, S. Poemas. Tradução de J. L. Grünewald. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.

MELLOR, A. K. English Romantic Irony. Cambridge: Harvard University Press, 1980. DOI: https://doi.org/10.4159/harvard.9780674420717.

MERLEAU-PONTY, M. O visível e o invisível. Tradução de J. A. Gianotti e A. Mora de Oliveira. São Paulo: Perspectiva, 2003.

MICHAUX, H. Antologia. Tradução de M. Vale de Gato. Lisboa: Relógio d’Água, 1999.

ORTLIEB, C. Poetische Prosa: Beiträge zur modernen Poetik von Charles Baudelaire bis Georg Trakl. Stuttgart: J. B. Metzler, 2001. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-476-02836-5.

SCHILLER, F. A educação estética do homem. Tradução de R. Schwarz e M. Suzuki. São Paulo: Iluminuras, 1990.

STAROBINSKI, J. A melancolia diante do espelho: três leituras de Baudelaire. Tradução de S. Titan Jr. São Paulo: Editora 34, 2014.

STEPHENS, S. The Prose Poems. In: LLOYD, R. (org.). The Cambridge Companion to Charles Baudelaire. Cambridge: Cambridge University Press, 2005. p. 69-86. DOI: https://doi.org/10.1017/CCOL052183094X.005.

TÁPIA, M. Clarões de alma vidente. In: ALMEIDA, Guilherme. Flores das Flores do mal de Baudelaire. São Paulo: Editora 34, 2010. p. 127-136.

VALÉRY, P. Alfabeto. Tradução de T. Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

VALÉRY, P. Œuvres completes II. Paris: Gallimard, 1960.

VALÉRY, P. Variedades. Tradução de M. Martins de Siqueira. São Paulo: Iluminuras, 2011.

VINCENT-MUNNIA, N. Premiers poèmes en prose: le spleen de la poésie. Littérature, Paris, n. 91, p. 3-11, 1993. DOI: https://doi.org/10.3406/litt.1993.2647.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2238-3824.24.3.125-138

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2019 Olga Kempinska

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.