A estratégia hegemônica do realismo na narrativa venezuelana e haitiana no início do século XXI / The Hegemonic Strategy of Realism in the Venezuelan and Haitian Narrative in the Beginning of the 21st Century

Dionisio Márquez Arreaza

Resumo


Resumo: O trabalho analisa dois textos realistas latino-americanos, Bicentenaire (2004) do escritor haitiano Lyonel Trouillot e Yo maté a Simón Bolívar (2010) do venezuelano Vicente Ulive-Schnell, como produtos simbólicos em circulação num campo comunicacional amplo no qual o sentido das obras como mensagens interage com o horizonte ideológico de época. A leitura literária da identidade dos personagens se fará tomando em conta o conceito de articulação de Gramsci (2011). A relação complementar entre obra e mercado se fará partindo do conceito gramsciano de hegemonia, revisado em sentido pós-estrutural por Laclau e Mouffe (2001), e também da leitura política da literatura proposta por Jameson (1994) e Rancière (2000; 2007). A tensão nas identidades marginalizadas e classes sociais articuladas nos romances aponta para uma exibição crítica da vida nacional e a desigualdade socioeconômica e, além disso, para a construção de uma nova hegemonia cultural. Porém, as obras e seus autores lidam com a frustração de observar os limites do mercado literário no debate nacional ao se deparar com o baixo índice de leitura de sociedades dominadas hegemonicamente por outros horizontes, mercados e suportes comunicacionais.
Palavras-chave: romance; Haiti; Venezuela; articulação identitária; hegemonia cultural.

Abstract: The article analyzes two realist Latin American texts, Bicentenaire (2004) by Haitian writer Lyonel Trouillot and Yo maté a Simón Bolívar (2010) by the Venezuelan Vicente Ulive-Schnell, as symbolic products in circulation in a broad communicational field in which the meaning of the works as messages interacts with the ideological horizon of the time. The literary reading of the characters’ identities will be done taking into account the concept of articulation by Gramsci (2011). The complementary relationship between literary work and market will be based on his concept of hegemony, reviewed in a post-structural sense by Laclau and Mouffe (2001), and also on the political reading of literature proposed by Jameson (1994) and Rancière (2000; 2007). The tension in marginalized identities and social classes articulated in the novels points to a critical exhibition of national life and socioeconomic inequality and, moreover, to the construction of a new cultural hegemony. However, the works and their authors deal with the frustration of observing the limits of the literary market in the national debate when faced with the low reading rate of societies dominated hegemonically by other horizons, markets and communicational supports.
Keywords: novel; Haiti; Venezuela; identitary articulation; cultural hegemony.


Palavras-chave


romance; Haiti; Venezuela; articulação identitária; hegemonia cultural; novel; identitary articulation; cultural hegemony

Texto completo:

PDF

Referências


BAZÁN, Víctor. Estado constitucional y derechos humanos en Latinoamérica: Algunos problemas y desafíos. In: LÓPEZ ULLA, Juan Manuel (dir.). Derechos humanos y orden constitucional en Iberoamérica. Cizur Menor: Aranzadi, 2011.

BRODZIAK, Sylvie. Haïti: enjeux d’écriture. Paris: Presses Universitaires de Vincennes, 2013. DOI: https://doi.org/10.3917/puv.brod.2013.01.

CHAI, Cássius Guimarães; BUSSINGUER, Elda Coelho de Azevedo; ADORNO, Alberto Manuel Poletti (org.). Direitos humanos e desafios constitucionais: no Ocaso da Intolerância. Campos dos Goytacazes: Brasil Multicultural, 2016.

CHAULET-ACHOUR, Christiane. Les francophonies littéraires. Saint-Denis: Presses Universitaires de Vincennes, 2016. DOI: https://doi.org/10.4000/books.puv.1872.

CHOMSKY, Noam; ANDERSON, Perry; DAHL, Robert; AMIN, Samir; OLIVEIRA, Francisco de; HART DÁVALOS, Armando; BORÓN, Atilio; CASTRO RUZ, Fidel. Nueva Hegemonía Mundial: Alternativas de cambio y movimientos sociales. Atilio Borón (org.). Buenos Aires: CLACSO, 2004.

COMBE, Dominique. Les littératures francophones: questions, débats, polémiques. Paris: Presses Universitaires de France, 2010.

EAGLETON, Terry. Ideology. London: Verso, 1991.

GRAMSCI, Antonio. O leitor de Gramsci: escritos escolhidos: 1916-1935. Organização de Carlos Nelson Coutinho. Tradução de Carlos Nelson Coutinho e Luiz Sérgio Henriques. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.

JAMESON, Fredric. The Political Unconscious. Ithaca: Cornell University, 1994.

LACLAU, Ernesto; MOUFFE, Chantal. Hegemony and Socialist Strategy: Towards a Radical Democratic Politics. 2. ed. rev. London: Verso, 2001.

LE BRIS, Michel et al. Pour une littérature-monde. Paris: Gallimard, 2007.

MIGRAINE-GEORGE, Thérèse. From Francophonie to World Literature in French: Ethics, Poetics, and Politics. Lincoln: University of Nebraska Press, 2013. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctt1ddr91h.

RANCIÈRE, Jacques. Ainda se pode falar de democracia? Lisboa: KKYM, 2014. E-book.

RANCIÈRE, Jacques. Le partage du sensible. Paris: La Fabrique, 2000. DOI: https://doi.org/10.3917/lafab.ranci.2000.01.

RANCIÈRE, Jacques. Politique de la littérature. Paris: Galilée, 2007.

TROUILLOT, Lyonel. Bicentenaire. Paris: Actes Sud, 2004.

TROUILLOT, Michel-Rolph. Les racines historiques de l’État duvaliérien. Port-au-Prince: Deschamps, 1986.

ULIVE-SCHNELL, Vicente. Yo maté a Simón Bolívar. [Ann Harbor]: Masa Editorial, 2010. 2v. E-book.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2238-3824.26.3.65-85

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2021 Dionisio Márquez Arreaza

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.