Quilombismo editorial e ethos discursivo: uma análise do site da Mazza edições / “Editorial Quilombism” and Discursive Ethos: an Analysis of the Mazza Editions Website

Luiz Henrique Silva de Oliveira

Resumo


A proposta deste artigo é analisar o discurso de apresentação contidos no site da Mazza Edições (https://www.mazzaedicoes.com.br). Para tanto, tomaremos duas categorias essenciais: o quilombismo e o ethos discursivo. Os quilombos, segundo Abdias do Nascimento não e resumiram apenas a arregimentações sociais, constituídas por pessoas escravizadas, em territórios de exploração colonial. A solidariedade e a resistência são características marcantes destes coletivos. Tais características amparam as práticas chamadas por Nascimento de quilombismo. O autor propõe entender o quilombismo como estratégia contemporânea de enfrentamento de diversas ordens promovida pelo coletivo afrodescendente diante das inúmeras formas de discriminação e racismo. O campo editorial, por sua vez, não fica imune às práticas excludentes. Vale ressaltar que Oliveira propõe a noção de “quilombos editoriais” para classificar as iniciativas responsáveis por grande parcela da produção e circulação intelectual afro-brasileira. Já o ethos discursivo, segundo Dominique Maingueneau, é construído em suas múltiplas relações com os outros (sujeitos e discursos) e como eles emergem na articulação entre variados elementos (verbais e não verbais, éticos e estéticos) os quais necessitam da incorporação do interlocutor para apreendê-los em um conjunto complexo de representações sociais e culturais. Acreditamos que a junção entre quilombismo e ethos oferece mecanismos que auxiliam na compreensão do processo de colocação no campo cultural das casas ou quilombos editoriais. 

Palavras-chave: Mazza edições; quilombismo; ethos discursivo.

This article analyze the presentation speech contained on the MazzaEdições
website (https://www.mazzaedicoes.com.br). We’ll take two essential categories: quilombism and the discursive ethos. The quilombos, according to Abdias do Nascimento, were not just social regimentations, constituted by enslaved people, in territories of colonial exploitation. Solidarity and resistance are hallmarks of these collectives. These characteristics support the practices called “quilombismo” by Nascimento. This author proposes to understand quilombism as a contemporary strategyfor confronting different orders promoted by the Afro-descendant collective in the face of countless forms of discrimination and racism. The editorial field, in turn, is not immuneto exclusionary practices. It is noteworthy that Oliveira proposes the notion of “editorial quilombos” to classify the initiatives responsible for a large portion of Afro-Brazilian intellectual production and circulation. The discursive ethos, according to Dominique Maingueneau, is constructed in its multiple relationships with others (subjects and discourses) and how they emerge in the articulation between various elements (verbal and non-verbal, ethical and aesthetic) which require the incorporation of the interlocutor to apprehend them in a complex set of social and cultural representations. We believe that the junction between quilombism and ethos offers mechanisms that help to understand the process of placing editorial houses or “quilombos” in the cultural field.

Keywords: quilombism; discursiveethos.


Palavras-chave


Mazza edições; quilombismo; ethos discursivo; quilombism; discursiveethos

Texto completo:

XML PDF

Referências


AMOSSY, R. (org.). Imagens de si no discurso: a construção do ethos.

São Paulo: Contexto, 2008.

ANDRADE, M. F.. A revolta de Carrancas:

uma das rebeliões mais sangrentas da história da escravidão no Brasil.

In: FIGUEIREDO, L..A era da escravidão. Rio de Janeiro: Sabin, 2009.

pp. 51-58.

ANDRADE, M. F.. Elites regionais e a formação do Estado imperial:

Minas Gerais – Campanha da Princesa (1799-1850). Rio de Janeiro:

Arquivo Nacional, 2008

BRAGANÇA, A.. Sobre o editor: notas para sua história. Em Questão,

Porto Alegre, v. 1, n. 2, p. 219-237, jul./dez. 2005.

DALCASTAGNÈ, Regina. A personagem do romance brasileiro

contemporâneo: 1990-2004. Estudos de literatura brasileira

contemporânea. Brasília, v. 1, n. 26, p. 13-71, 2011.

DALCASTAGNÈ, Regina. Literatura brasileira contemporânea: um

território contestado. Rio de Janeiro; Vinhedo: Ed. UERJ; Horizonte,

DUARTE, E. de A.. “Por um conceito de literatura afro-brasileira”.

In: DUARTE, E. de A.; FONSECA, M. N. S.. (Orgs.). Literatura e

afrodescendência no Brasil: antologia crítica. v. 4. Belo Horizonte:

Editora da UFMG, 2011. p. 375-403

FARIA, S. de C.. Identidade e comunidade escrava: um ensaio. Tempo.

Niterói, n. 22;122- 146, jan. 2007. Disponível em: http://www.historia.

uff.br/tempo/artigos_livres/v11n22a07.pdf. Acesso em: 1 mar. 2011.

GRINBERG, KK; BORGES, M. F.; SALLES, R.. Rebeliões escravas

antes da extinção do tráfico. In: GRINBERG, KK; BORGES, M. F.; SALLES, R.. O Brasil Imperial – volume I – 1808-1831. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 2009. p. 235-271.

LÓPEZ WINNE, H.; MALUMIÁN, V..Independientes, ¿de qué?

Hablanlos editores de América Latina. México: FCE, 2016;

MAINGUENEAU, D.. A propósito do ethos. In: MOTTA, A. R.;

SALGADO, L. (orgs.). Ethos discursivo. São Paulo: Contexto, 2008

p.11-29.

MAZZA EDIÇÕES. Mazza Edições – Pioneirismo e Resistência, 2021.

Página inicial. Disponível em: https://www.mazzaedicoes.com.br.

MBEMBE, A..Crítica da razão negra. Lisboa: Antígona, 2014.

NASCIMENTO, A..O quilombismo. Petrópolis: Vozes, 1980.

OLIVEIRA, L. H. S.. Os quilombos editoriais como iniciativas

independentes. Aletria, Belo Horizonte, v. 28, n. 4, p. 155-170, 2018.

DOI: https://doi.org/10.17851/2317-2096.28.4.155-170.

REIS, J. J..Rebelião escrava no Brasil - a história do levante dos Malês

em 1835. Edição revisada e ampliada. São Paulo: Companhia das Letras,




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2238-3824.27.1.228-245

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2022 Luiz Henrique Silva de Oliveira

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.