“a alcipe, duplamente”: Vasco Graça Moura e o diálogo com a tradição

Natália Ubirajara Silva

Resumo


O presente artigo tem como objetivo analisar elementos da poética de Vasco Graça Moura (1942-2014) a partir do poema “a alcipe, duplamente”, presente na antologia Poesia 2001/2005 (2006). Poeta de vertente clássica, Vasco Graça Moura se caracteriza pelo uso abundante das relações transtextuais (conforme a acepção de Gérard Genette) como elemento chave para a interpretação de seus poemas. No poema analisado, destacam-se a intertextualidade (citação, alusão), a arquitextualidade e a hipertextualidade como recursos poéticos. Em “a alcipe, duplamente”, o reconhecimento da relação transtextual com a obra de Pierre de Ronsard e da Marquesa de Alorna (Alcipe) se mostra fundamental para a construção do sentido do poema, num processo de transposição paródica da tradição literária.


Palavras-chave


Vasco Graça Moura; poesia portuguesa contemporânea; intertextualidade; transposição paródica.

Texto completo:

PDF

Referências


ALMEIDA, L. P. Notas sobre a Gjentagelsen kierkegaardiana, 2001. Disponível em: http://www.ifen.com.br/artigos/leo-2001.htm. Acesso em: 10 jun. 2012.

ALORNA, Marquesa de. Obras poéticas de D. Leonor de Almeida Portugal Lorena e Lencastre. Lisboa: Imprensa Nacional, 1844. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=1pkfAQAAIAAJ&pg= PA15&lpg=PA15&dq=a+um a+despedida+marquesa+de+alorna&source=bl&ots=bZqjhdN3z6&sig=dSEfTilQTofugEtFAFJ0lEwhpeM&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwisk-ySlLDWAhXE2yYKHRCMAAsQ6AE IRT AH#v=onepage&q=a%20uma%20despedida%20marquesa%20de% 20alorna&f=false. Acesso em: 18 set. 2017.

AMARAL, F. P. O legado clássico na poesia contemporânea. In: FERREIRA, José Ribeiro; DIAS, Paula Barata (Coord.). Fluir Perene: a cultura clássica em escritores portugueses contemporâneos. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2004. p. 9-15.

BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. 2. ed. Tradução de Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 1993.

COMPAGNON, A. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Tradução de Cleonice Paes Barreto Mourão e Consuelo Fortes Santiago. Belo Horizonte: UFMG, 2006.

CONDINHO, L. O concerto campestre: recensão. Colóquio/Letras, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, n. 135/136, p. 239-240, jan. 1995. Disponível em: http://coloquio.gulbenkian.pt/bib/sirius.exe/issueContentDisplay?n=135&p=239&o=p. Acesso em: 22 jun. 2014.

FOUCAULT, M. A ordem do discurso: Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 14. ed. Tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Loyola, 2006.

GENETTE, G. Palimpsestos: a literatura de segunda mão. Tradução de Luciene Guimarães e Maria Antônia Ramos Coutinho. Belo Horizonte: Faculdade de Letras/UFMG, 2006. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/46591105/GENETTE-Gerard-Palimpsestos. Acesso em: 26 mar. 2014.

GUIMARÃES, F. A variação dos semestres deste ano; 365 versos, seguido de A escola de Frankfurt: recensão. Colóquio/Letras, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, n. 71, p. 94-95, jan. 1983. Disponível em: http://coloquio.gulbenkian.pt/bib/sirius.exe/issueContentDisplay?n=71&p=94&o=p. Acesso em: 22 jun. 2014.

HORTA, M. T. As luzes de Leonor: a marquesa de Alorna, uma sedutora de anjos, poetas e heróis. Alfragide: Dom Quixote, 2012.

HUTCHEON, L. Uma teoria da paródia: ensinamentos das formas de arte do século XX. Tradução de Teresa Louro Pérez. Lisboa: Edições 70, 1985.

HUTCHEON, L. Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção. Tradução de Ricardo Cruz. Rio de Janeiro: Imago, 1991.

KIERKEGAARD, S. A repetição: um ensaio em psicologia experimental por Constantin Constantius. Tradução de José Miranda Justo. Lisboa: Relógio D’Água, 2009.

LIMA, R. L. M. A forma soneto. Maceió: UFAL, 2007.

LOTMAN, I. A estrutura do texto artístico. Tradução de Maria do Carmo Vieira Raposo e Alberto Raposo. Lisboa: Estampa, 1978.

MOISÉS, M. A literatura portuguesa. 35. ed. São Paulo: Cultrix, 2008.

MOURA, V. G. currente calamo. In: ______. Poesia 2001/2005. Lisboa: Quetzal, 2006. p. 119-161.

PAZ, O. Os filhos do barro: do romantismo à vanguarda. Tradução de Olga Savary. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

RONSARD, P. Ode a Cassandra. O livro de ouro da poesia da França. Tradução de R. Magalhães Jr. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1972. p. 282.

RONSARD, P. Quand vous serez bien vieille / Quando fores bem velha. Tradução de Guilherme de Almeida. 1578. Disponível em: http://antoniocicero.blogspot.com.br/2009/03/pierre-de-rondard-quand-vous-serez-bien.html. Acesso: 18 set. 2017.

TODOROV, T. Simbolismo e interpretação. Tradução de Maria de Santa Cruz. Lisboa: Edições 70, 1980.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2359-0076.37.58.29-44

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2018 Natália Ubirajara Silva

Revista do Centro de Estudos Portugueses
ISSN 1676-515X (impressa) / ISSN 2359-0076 (eletrônica)

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional

.