Desafios do contemporâneo na ficção de Lídia Jorge / Challenges of the Contemporary in the Fiction of Lídia Jorge
Resumo
Resumo: Desde O dia dos prodígios (1980) até Estuário (2018), a obra ficcional de Lídia Jorge percorre diferentes lugares, experiências e memórias para desenhar uma cartografia da vida precária e interrogar incansavelmente as sombras que se escondem nas dobras do tempo, sabendo que “escrever sobre o passado é sempre uma proposta de futuro”. A partir de alguns conceitos fundamentais de Agamben, o objectivo deste estudo é analisar como o olhar iluminador da romancista se debruça sobre o arcaico e o contemporâneo, para resgatar do silêncio os contornos mais sensíveis da realidade, oferecendo-nos um testemunho notável sobre a vulnerabilidade humana e interpelando-nos para uma reflexão estimulante sobre a importância da literatura na transformação do mundo.
Palavras-chave: Lídia Jorge, Agamben, romance, sociedade portuguesa, ética.
Abstract: From The Day of Prodigies (1980) to Estuary (2018), Lídia Jorge’s fictional work traverses different places, experiences and memories to draw a map of precarious life and tirelessly interrogate the shadows that hide in the folds of time, knowing that “writing about the past is always a proposal for the future.” From some fundamental concepts of Agamben, the objective of this study is to analyze how the illuminating look of the novelist focuses on the archaic and the contemporary, to rescue from the silence the most sensitive contours of reality, offering us a remarkable testimony about human vulnerability and questioning us for a stimulating reflection on the importance of literature in the transformation of the world.
Keywords: Lídia Jorge, Agamben, novel, portuguese society, ethic.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua. Trad. Henrique Burigo. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? e outros ensaios. Trad. Vinicius N. Honesko. Chapecó, Santa Catarina, Argos, 2009.
AGIER, Michel. L’étranger qui vient. Repenser l’hospitalité. Paris: Seuil, 2018.
BESSE, Maria Graciete. Lídia Jorge et le sol du monde. Une écriture de l’éthique au féminin. Paris: L’Harmattan, 2015. (Collection “Créations au féminin”)
JORGE, Lídia. O Dia dos Prodígios. Lisboa: Pub. Europa-América, 1980.
JORGE, Lídia. A Costa dos Murmúrios. Lisboa: D. Quixote, 1981.
JORGE, Lídia. Marido e outros contos. Lisboa: D. Quixote, 1997.
JORGE, Lidia. O vale da paixão. Lisboa: D. Quixote, 1998.
JORGE, Lídia. O Vento Assobiando nas Gruas. Lisboa: D. Quixote, 2002.
JORGE, Lídia. Combateremos a Sombra. Lisboa: D. Quixote, 2007.
JORGE, Lídia. A noite das mulheres cantoras. Lisboa: D. Quixote, 2011.
JORGE, Lídia. Os Memoráveis. Lisboa: D. Quixote, 2014.
JORGE, Lídia. Estuário. Lisboa: D. Quixote, 2018.
LUCAS, Isabel. “Lídia Jorge: o sentimento vivo das coisas”. Jornal de Letras, Lisboa, p.7-8, 23 maio-5 jun. 2018.
MBEMBE, Achile. “Necropolitique”. Raisons politiques. Paris: Presses de Sciences Po, 2006/1. Doi: https://doi.org/10.3917/rai.021.0029
NANCY, Jean-Luc. La communauté désœuvrée. Paris: Christian Bourgois, 2004.
RIBEIRO, Margarida Calafate. Uma História de Regressos. Império, Guerra Colonial e Pós-Colonialismo. Porto: Afrontamento, 2004.
DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2359-0076.39.61.117-129
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Direitos autorais 2019 Maria Graciete Besse
Revista do Centro de Estudos Portugueses
ISSN 1676-515X (impressa) / ISSN 2359-0076 (eletrônica)
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional