Agustina Bessa-Luís: a força do romance como enciclopédia aberta e o ímpeto arquivístico

Rodrigo Valverde Denubila

Resumo


Resumo: Este artigo analisa a obra de Agustina Bessa-Luís (1922-2019) pela concepção de romance como enciclopédia aberta, conforme propõe Italo Calvino em Seis propostas para o próximo milênio. Inicialmente, discorremos sobre a Encyclopédie iluminista. Na sequência, dialogamos com a fortuna crítica da escritora portuguesa e com os estudos acerca do romance como enciclopédia aberta para justificar o caminho de leitura empreendido. Apontamos também o caráter arquivístico e inventariante qualificador do romance enciclopédico. Trabalhamos com as ponderações teóricas de Italo Calvino (1990), Maria Esther Maciel (2009), Maria das Graças Souza (2015) e Umberto Eco (2013).

Palavras-chave: romance como enciclopédia aberta; enciclopedismo; Agustina Bessa-Luís.

Abstract: This article analyzes the work of Agustina Bessa-Luís (1922-2019) by the conception of romance as an open encyclopedia, as proposed by Italo Calvino in Six proposals for the next millennium. Initially, we talked about the Enlightenment Encyclopédie. Next, we dialogue with the portuguese writer’s critical fortune and with the studies about the novel as an open encyclopedia to justify the reading path undertaken. We also point out the archival and inventoried character that qualifiers the encyclopedic novel. We work with the theoretical weightings of Italo Calvino (1990), Maria Esther Maciel (2009), Maria das Graças Souza (2015) and Umberto Eco (2013).

Keywords: novel as an open encyclopedia; encyclopedism; Agustina Bessa-Luis.


Palavras-chave


romance como enciclopédia aberta; enciclopedismo; Agustina Bessa-Luís; novel as an open encyclopedia; encyclopedism; Agustina Bessa-Luis.

Texto completo:

PDF

Referências


ABAGNANO, N. Dicionário de filosofia. Tradução de Alfredo Bosi.

ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2015.

ARTIÈRES, P. Arquivar a própria vida. Arquivos pessoais. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 11, n. 21, p. 9-34, 1998.

BESSA-LUÍS, A.; PORTELA, A. Agustina por Agustina. Lisboa: Dom Quixote, 1986.

BESSA-LUÍS, A. Contemplação carinhosa da angústia. Org. Pedro Mexia. Lisboa: Guimarães, 2000.

BURKE, P. Uma história social do conhecimento I: de Gutemberg a Diderot. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

CALVINO, I. Seis propostas para o próximo milênio: lições americanas. 2. ed. Tradução de Ivo Barroso. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

CEIA, C. A construção do romance: ensaios de literatura comparada no campo dos estudos anglo-portugueses. Coimbra: Almedina, 2007.

DUMAS, C. Estética e personagens nos romances de Agustina Bessa-Luís: espelhismos. Porto: Campos das Letras, 2002.

ECO, U. Da árvore ao labirinto. In: ______. Da árvore ao labirinto: estudo histórico sobre o signo e a interpretação. Tradução de Maurício Santana Dias. Rio de Janeiro: Record, 2013. p. 13-101.

ECO, U. Dicionário versus enciclopédia. In: ______. Semiótica e filosofia da linguagem. Tradução de Mariarosaria Fabris e José Luiz Fiorin. São Paulo: Ática, 1991. p. 63-140.

ECO, U. O antiporfírio. In: ______. Sobre os espelhos e outros ensaios. Tradução de Beatriz Borges. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. p. 316-341.

ECO, U. O ornitorrinco entre dicionário e enciclopédia. In: ______. Kant e o ornitorrinco. Tradução de Ana Thereza B. Vieira. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 191-235.

FERNANDES, M. L. O Narciso no labirinto de espelhos: perspectivas pós-modernas na ficção de Roberto Drummond. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011.

HAN, B.-C. Hiperculturalidade: cultura e globalização. Tradução de Gabriel Salvi Philipson. Rio de Janeiro: Vozes, 2019.

HELENO, J. M. Agustina Bessa-Luís: paixão da incerteza. Lisboa: Editora Fim de Século, 2002.

JOVANOVIC, A. O Dicionário Kazer: as múltiplas leituras de um texto ou a construção/desconstrução da obra literária. Revista USP, São Paulo, n. 1, p. 128-131, mar./abr./maio 1989. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i1p128-131

KUNDERA, M. A arte do romance. Tradução de Teresa Bulhões de Carvalho Fonseca. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

LOPES, Ó; SARAIVA, A. J. História da Literatura portuguesa. 12. ed. Porto: Porto Editora, 1982.

LOPES, S. R. Agustina Bessa-Luís: as hipóteses do romance. Rio Tinto: Editora Asa, 1992.

LOURENÇO, E. A indomável. Ler, Lisboa, n. 76, p. 40, jan. 2009.

LOURENÇO, E. O canto do signo: existência e literatura (1957-1993). Lisboa: Presença, 1994.

LOURENÇO, E. O labirinto da saudade: psicanálise mítica do destino português. Rio de Janeiro: Tinta da China, 2016.

MACHADO, Á. M. Agustina Bessa-Luís: o imaginário total. Lisboa: Dom Quixote, 1983.

MACIEL, M. E. As ironias da ordem: coleções, inventários e enciclopédias ficcionais. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2009.

MATTOS, Franklin. A cadeia secreta: Diderot e o romance filosófico. São Paulo: Cosac & Naify, 2004.

PAMUK, O. O romancista ingênuo e o sentimental. Tradução de Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

PERRONE-MOISÉS, L. Mutações da literatura no século XXI. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

POMBO, O. O círculo dos saberes. Lisboa: Instituto de Filosofia, 2012.

SOUZA, M. das G. de. Círculo dos conhecimentos. In: DIDEROT, D.; D’ALEMBERT, J. Enciclopédia: discurso preliminar e outros textos. Tradução de Fulvia M. L. Moretto. São Paulo: Editora UNESP, 2015. p. 13-26.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2359-0076.40.64.73-94

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2021 Rodrigo Valverde Denubila

Revista do Centro de Estudos Portugueses
ISSN 1676-515X (impressa) / ISSN 2359-0076 (eletrônica)

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional

.