A “Tetralogia dos Amores Frustrados”: amor e paixão no cinema de Oliveira

Maria do Rosário Luppi Bello

Resumo


Com este artigo pretende-se evidenciar o modo como  Manoel de Oliveira trata a questão do amor humano, não  fazendo dele mero “tema” da sua obra, mas antes  representando-o enquanto realidade concreta e dramática,  cujos sentido e verdade deseja captar fielmente. Através  das quatro obras da sua “Tetralogia dos Amores  Frustrados” (que incluem os filmes O Passado e o PresenteBenilde ou a Virgem Mãe, Amor de Perdição e Francisca, todos  eles baseados em obras da literatura portuguesa), o cineasta  exprime aquela que considera ser a incomunicabilidade  última da relação entre homem e mulher, bem como a  intangibilidade do amor absoluto. Apesar da dramaticidade  desta visão, os filmes de Oliveira não resultam em obras  negativas ou pessimistas, nem marcadas por um tom  sentimental ou radicalmente melodramático, já que o  realizador nelas evidencia uma constante ironia –  testemunho de uma capacidade de sorrir do acessório para  sublinhar o essencial –, bem como testemunha, acima de  tudo, a percepção positiva da incomensurabilidade do  desejo como forma de remeter para o infinito. Deste modo,  a sua obra, marcada por um gosto assumidamente  português, extravasa as fronteiras nacionais para se  relacionar com a arte universal naquilo que ela exprime  de mais profundamente humano.

This article aims to underline the way Manoel de Oliveira  deals with the issue of human love, not as a mere “theme”  or “issue” in his work, but instead representing it as a  concrete and dramatic reality, which sense and truth he  wishes to capture faithfully. Through the four films that  constitute his “Tetralogia dos Amores Frustrados”  (including O Passado e o Presente, Benilde ou a Virgem MãeAmor de Perdição and Francisca, all of them based upon  portuguese literary works), the director expresses the  ultimate impossibility of communication between man and  woman, as well as the intangibility of absolute love. In  spite of the dramatic content of this specific vision,  Oliveira’s movies are not negative or pessimistic works,  neither do they assume a rather sentimental or melodramatic  tone, since the director expresses a constant irony – a  testimony of his capacity of smiling upon what is accessory,  so that the essential is rendered more evident – as well as  testifies, above all, the positive perception of the  incommensurability of human wish as a way of referring  to the infinite. By doing so, his work, characterized by an  evident Portuguese taste, transcends the national frontiers  and relates to universal art in so far as it can be seen as an  expression of that which is more profoundly human.

 


Texto completo:

PDF


DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2359-0076.30.43.53-72

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2010 Maria do Rosário Luppi Bello

Revista do Centro de Estudos Portugueses
ISSN 1676-515X (impressa) / ISSN 2359-0076 (eletrônica)

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional

.