Mário de Andrade e a cultura popular: “Briga das Pastoras”, literatura e folclore

Valter Cesar Pinheiro

Resumo


Dentre os múltiplos campos de atuação cultural aos quais Mário de Andrade fervorosa e habilmente se aplicou, um dos mais realçados e estudados pela crítica é o ligado ao folclore e à cultura popular. Destacam-se, na fecunda produção do escritor sobre as manifestações e tradições de nosso povo, a correspondência com Luís da Câmara Cascudo, a “viagem etnográfica” às regiões Norte e Nordeste e os estudos de fôlego sobre a música e a dança brasileiras. Na esfera ficcional, sobressai a rapsódia Macunaíma. O interesse do autor pelo folclore nordestino também aparece, de forma vigorosa e lancinante, em um instigante conto da maturidade pouco conhecido, “Briga das Pastoras”, cujo narrador, “turista aprendiz” em viagem a Pernambuco, revela possuir, tal qual Mário, sólidos conhecimentos metodológicos e epistemológicos em Etnologia e Etnografia. Mário, no entanto, deixou registrado em nota o desejo de que o conto não fosse publicado em livro. Por quê? A alusão à “atitude de inteligência nacional eminentemente cafajeste” no final do apontamento parece indicar, a despeito dos significativos traços autobiográficos que permeiam a narrativa, a disparidade entre os pontos de vista do autor e do narrador nos âmbitos estético e ideológico.

Texto completo:

PDF


DOI: http://dx.doi.org/10.17851/1982-0739.23.3.170-179

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Em Tese
ISSN 1415-594X (impressa) / ISSN 1982-0739 (eletrônica)


Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.