APRESENTAÇÃO

Günther Augustin, Claudia Campos Soares, Matheus Trevizam

Resumo


Os ensaios deste número de  Em Tese abordam os conflitos existentes entre tradição, modernidade e modernização, as relações entre literatura, história, tradição, mito, memória e imaginário nacional, as relações dialéticas entre colonizador e colonizado, brancos e negros, o tema da publicação, da fama e da figura do autor, a arbitrariedade atrelada ao conceito de gênero no século 19, as metáforas da representação do mal, bem como as poéticas do soneto no século 17 e do espaço na ficção científica do século 20. No domínio da literatura brasileira, o texto “O traço, a letra e a bossa: arte e diplomacia em Cabral, Rosa e Vinicius”,  de Roniere Menezes, pretende “apresentar algumas reflexões a respeito das obras dos escritores-diplomatas João Cabral de Melo Neto, João Guimarães Rosa e Vinicius de Moraes, relacionando-as aos conflitos existentes entre tradição, modernidade e modernização, em meados do século 20, no Brasil”. Em “Retórica da agudeza num soneto de D. Francisco Manuel de Melo”, Thiago César Viana Lopes Saltarelli esclarece, a partir das lições poéticas do século 17 em Portugal e outros países da Europa, o conceito barroco da “agudeza”, numa espécie de exercício de recontextualização de certo soneto do poeta citado em suas originais perspectivas de criação e leitura. Gislaine A. Michel, no artigo intitulado “Augusto Roa Bastos e Cándido López: invenção de realidades na Guerra Grande”, explora intrincadas relações entre literatura, história, tradição, mito, memória e imaginário nacional ao analisar o  Livro da Guerra Grande (2002), do escritor paraguaio Bastos: trata-se, justamente, de uma obra que tematiza o dramático episódio da Guerra do Paraguai. Maria Elvira Malaquias de Carvalho visa, em seu artigo “Lobo Antunes e os antípodas do avesso do mundo”, a designar o avesso do mundo como motivo recorrente no romance  O esplendor de Portugal, do escritor português António Lobo Antunes. O texto aponta de que modo o avesso pode ser tomado como eixo das relações dialéticas entre colonizador e colonizado, brancos e negros, tal como ocorrem na narrativa.  No domínio da literatura inglesa, Maria Rita Drumond Viana analisa, em “Sin and crime as metaphors for the representation of evil in yeats’s The countess cathleenand Purgatory”, a representação do mal em duas peças de W. B. Yeats: The countess cathleen (1892) e Purgatory (1939). Elas tratam da natureza do mal, da salvação e da condenação da alma bem como o poder do individuo contra as forças da história. Sobre a poeta norte-americana Emily Dickinson, escreveu Fernanda Mourão em “O poder e a glória de Emily Dickinson”, texto voltado  para o tema “da publicação, da fama e da figura do autor”, tendo ainda apresentado, ao fim de breve ensaio teórico, suas próprias traduções de dez poemas da autora em que este eixo temático é, de algum modo, percorrido. Em “A performance de gênero em  The professor: uma reversão de expectativas”, Patricia Carvalho Rocha  mostra como Charlotte Brontë (1816-1855) evidencia em The professor a arbitrariedade atrelada ao conceito de gênero no século 19 por meio de personagens dissonantes com a ideologia do período, questionando explicitamente o paralelismo entre sexo e gênero e a crença em uma suposta essência do feminino capaz de justificar uma postura submissa da mulher.  Em “J. G. Ballard’s Inner Space: the juxtaposition of time, space and body”, Pedro Groppo mostra como a ficção de J. G. Ballard lida com espaços, tanto internos quanto externos. Influenciado pelo Surrealismo e psicanálise Freudiana, Ballard explora a linha tênue entre mente e corpo. A análise do conto “The terminal beach” ilustra alguns destes conceitos presentes na sua obra como um todo.

Texto completo:

PDF

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Em Tese
ISSN 1415-594X (impressa) / ISSN 1982-0739 (eletrônica)


Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.