Clarice Lispector e seus tradutores: da fúria à melodia

Jean-Claude Lucien Miroir

Resumo


O corpus dos Estudos Claricianos enriqueceu-se, nessas duas últimas décadas, com uma ampla produção acadêmica relacionada especificamente a aspectos tradutológicos. Este artigo objetiva analisar a atuação de Clarice Lispector no processo tradutório de sua própria obra. Trata-se dos seguintes aspectos: a crítica de tradução, a negociação editorial e a recepção. Fruto de uma pesquisa de doutoramento, este estudo embasa-se em documentos pessoais de Lispector publicados e em arquivos disponíveis em instituições brasileiras. Refere-se a quatro tradutores precursores da tradução de Clarice em suas respectivas línguas e culturas: Beata Vettori e Denise-Teresa Moutonnier (para o francês), Curt Meyer-Clason (para o alemão) e Gregory Rabassa (para o inglês norte-americano). Destaca-se, neste percurso, a relação angustiante de Lispector com esses tradutores e o impacto, emocional e literário, sobre a autora, produzido pelas traduções publicadas de sua obra.

Palavras-chave


Clarice Lispector; relação autor/tradutor; crítica de tradução; negociação editorial; recepção de tradução.

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2358-9787.25.1.61-85

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