Poesia, mito e natureza em Cantares amazônicos, de Paes Loureiro

Enivalda Nunes Freitas Souza, Maria Goretti Ribeiro

Resumo


Cantares amazônicos, coletânea de três livros de poemas escritos pelo poeta paraense contemporâneo João de Jesus Paes Loureiro, versa sobre a natureza amazônica original invadida, degradada e dessacralizada pelo homem capitalista. A coletânea expressa o nativismo do autor, seu estro poético ao cantar a beleza viva, o éthos, os mistérios e os encantos palustres dessa terra de promessas. O autor revela certa tendência à remitologização e à transculturação, fenômenos que tiveram significativa expressão nas obras regionalistas que vieram a lume a partir do segundo quartel do século XX e que vêm marcando a produção literária até hoje. Este trabalho se debruça sobre Cantares amazônicos com a intenção de evidenciar o fundamento mítico dessa poesia representado nas metáforas e imagens arquetípicas das águas e da Floresta. Seguindo o périplo imaginário do sujeito poético, intenta-se registrar seu compromisso estético com a linguagem, sua fidelidade ao imaginário coletivo e sua temática regionalista. Ao final, conclui-se que o lirismo fluvial de Paes Loureiro tem como finalidade o eterno retorno para reconstruir, ainda que por via do mito, o Paraíso quase perdido que se chama Amazônia.


Palavras-chave


Paes Loureiro; poesia; mito; regionalismo.

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2358-9787.26.2.365-386

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