Um teatro de relações destrutivas: violência e formação sentimental na dramaturgia de Plínio Marcos

Rainério dos Santos Lima

Resumo


Este artigo objetiva analisar a dramaturgia de Plínio Marcosa partir da subjetivação/formação de personagens na marginalidade, na violência social e no lúmpen. Parte-se dos conceitos de “teatro de relações destrutivas”, de Raymond Williams, e de “formação sentimental do marginal”, de Walter Benjamin, para entender como as estratégias dramáticas dos textos moldam certos personagens de Plínio Marcos – prostitutas, cafetões, gays, malandros e criminosos violentos – como sujeitos violentados, representando-os em uma queda progressiva na violência do lúmpen, vítimas como são de um processo cruel de aniquilação social, moral e existencial. O estudo crítico revela sujeitos ficcionais que têm como base a marginalidade da zona portuária de Santos (SP), mas que, em momentos lírico-épicos dos dramas, narram suas tristes e traumáticas trajetórias de vida de maneira a justificar os atos violentos no presente da cena.


Palavras-chave


violência; formação sentimental; Plínio Marcos.

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2358-9787.26.1.43-63

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