Literatura na margem: pensando o par centro/periferia entre filosofia e estética

André Luiz Barros da Silva

Resumo


Com base na abordagem de S. Santiago para a questão do par centro/periferia em célebre ensaio de 1971, investiga-se certas vias de reflexão sobre a literatura latino-americana (e brasileira) em relação ao campo literário nos centros economicamente mais estáveis. Se Santiago se valera de obras de filósofos (Derrida, Foucault) para tornar mais sutil a reflexão sobre o tema, chegando a propor que a ressignificação do par cópia/modelo poderia positivar a experiência do escritor da periferia do capitalismo, L. C. Lima usará conceitos da antropologia para tentar lidar com a mesma questão, em 1997. Na trilha do pensamento francês (lembremos que a economia europeia se torna menos central desde fins do século XIX), trata-se de ver como o próprio par centro/periferia pode ser repensado. Diderot, no século XVIII, na escrita de romances e ensaios, pensa a questão por outra via, em momento primordial da hegemonização da cultura europeia. No debate contemporâneo, J. Rancière a pensa pela via da análise da perda da centralidade da narrativa realista de concatenação causal, triunfante no século XIX europeu. Incorporada esteticamente, a tensão do par periferia/centro remete a uma dinâmica produtiva entre os dois loci, cuja ligação mútua é inescapável.


Palavras-chave


teoria da literatura; Diderot; filosofia; Derrida; Deleuze; literatura e Iluminismo.

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Referências


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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2358-9787.26.3.39-56

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O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira
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