Uma análise sobre a subjetividade do “eu” nas metáforas da cor na obra O menino marrom, de Ziraldo / An Analysis About the Subjectivity of the “I” in the Metaphors of Color in Work The Brown Boy, by Ziraldo

José Gomes Pereira, Bárbara Inês Ribeiro Simões Daibert

Resumo


Resumo: Este trabalho desenvolve uma abordagem crítica sobre a obra literária O menino marrom, do escritor Ziraldo. Publicado pela primeira vez em 1986, o livro apresentou como protagonista o menino marrom, que acabou conhecendo e fazendo amizade com o chamado menino cor-de-rosa. Tal obra descreveu os detalhes dessa amizade, frente às curiosidades pessoais, diferenças, valores humanos e questões raciais. O contexto da dúvida favoreceu, a cada um dos dois meninos, a construção de suas próprias identidades. Essa construção pode ser descrita sob três níveis: observação, comparação e relacionamento. Os personagens se observaram, compararam suas diferenças e conseguiram estabelecer um relacionamento de amizade, descobrindo traços de humanidade, respeito e convivência harmônica nas diversidades étnico-raciais. Considerando que o autor desenvolveu uma linguagem figurada, o propósito desta pesquisa é analisar as metáforas da cor, que permitem nivelar e tipificar as marcas de subjetividade do “eu”. Um “eu” em constante expansão, em torno de si, e na perspectiva do outro. Para tanto, serão utilizados, dentro de um quadro teórico-metodológico, os conceitos de identidade e alteridade de Zilá Bernd (1987, 1988) e os estudos pós-coloniais de Frantz Fanon (2008). Portanto, O menino marrom, de Ziraldo, é uma interessante ferramenta pedagógica da literatura infantil para ser desenvolvida em sala de aula, pois desarma a expectativa pré-estabelecida pela cultura europeia, do branco prevalecendo sobre o negro, e apresenta novas relações de ressignificação do mundo a partir da visão de duas crianças.
Palavras-chave: preconceito; identidade; criança; cores; humanização.


Abstract: This work develops a critical approach to the literary work The Brown Boy, by the writer Ziraldo. First published in 1986, the book featured as protagonist the brown boy, who ended up knowing and befriending the so-called pink boy. This work described the details of this friendship, in the face of personal curiosities, differences, human values and racial issues. The context of doubt favored, to each of the two boys, the construction of their own identities. This construction can be described under three levels: observation, comparison and relationship. The characters observed themselves, compared their differences and were able to establish a relationship of friendship, discovering traces of humanity, respect and harmonious coexistence in ethnic-racial diversities. Considering that the author has developed a figurative language, the purpose of this research is to analyze the metaphors of color, which allow to level and typify the subjectivity marks of the “I”. An ever-expanding “I”, around you, and from the perspective of the other. For this, the concepts of identity and otherness of Zilá Bernd (1987, 1988) and the postcolonial studies of Frantz Fanon (2008) will be used within a theoretical-methodological framework. Therefore, Ziraldo’s The Brown Boy is an interesting pedagogical instrument of children’s literature to be developed in the classroom, because it disarms the pre-established expectation by European culture, of white prevailing over black, and presents new relations of resignification of the world from the vision of two children.
Keywords: prejudice; identity; children; colors; humanization.


Palavras-chave


preconceito; identidade; criança; cores; humanização; prejudice; identity; children; colors; humanization

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Referências


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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2358-9787.30.2.54-75

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