Antônio José, uma tragédia fora de hora? / Antônio José, a tragedy out of time?

Gabriel Esteves

Resumo


Resumo: O objetivo deste artigo é, primeiro, mostrar que a tradicional avaliação da tragédia Antônio José (i. e., que ela peca pelo gênero conservador e pela forma versificada), exaustivamente repetida por inúmeros críticos e historiadores da literatura brasileira ao longo do século XX, não se confirma na prática, pois tragédias continuam existindo ao lado de dramas e melodramas até a segunda metade do século XIX nos dois lados do Atlântico, assim como composições em verso ao lado de outras em prosa. Em seguida, argumenta-se que Antônio José possui, apesar de se proclamar tragédia, inúmeras características ligadas à cena moderna e se insere perfeitamente no projeto romântico-eclético difundido por Gonçalves de Magalhães e outros entusiastas do nosso primeiro romantismo.

Palavras-chave: romantismo; ecletismo; drama romântico; história literária.

Abstract: The aim of this article is, firstly, to show that the traditional evaluation of the tragedy Antônio José (i.e., that it sins by its conservative genre and versified form), exhaustively repeated by countless critics and historians of Brazilian literature throughout the 20th century, is not confirmed in practice, because tragedies continue to exist alongside dramas and melodramas until the second half of the 19th century on both sides of the Atlantic, as well as verse compositions alongside others in prose. Then, it is argued that Antônio José possesses, despite proclaiming itself a tragedy, numerous characteristics linked to the modern drama and fits perfectly into the romantic-eclectic project spread by Gonçalves de Magalhães and other enthusiasts of our first romanticism.

Keywords: romanticism; eclectism; romantic drama; literary history.


Palavras-chave


romantismo; ecletismo; drama romântico; história literária; romanticism; eclectism; romantic drama; literary history.

Texto completo:

PDF

Referências


ADÊT, Émile. A leitura de uma tragédia inédita. Minerva brasiliense, Rio de Janeiro, v. 1, n. 12, p. 355-364, 15 abr. 1844a.

ADÊT, Émile. Da arte dramática no Brasil. Minerva brasiliense, Rio de

Janeiro, v. 1, n. 5, p. 154-157, 1 jan. 1844b.

AMORA, Antônio Soares. História da literatura brasileira. São Paulo: Edição Saraiva, 1960.

AMORA, Antônio Soares. O romantismo. São Paulo: Cultrix, 1969. APÊNDICE. O Cronista, Rio de Janeiro, n. 99, p. 1-2, 23 set. 1837, p. 1-2.

AZEVEDO, Álvares de. Literatura e civilização em Portugal. Rio de Janeiro: Caetés, 2016.

BARROS, Roque Spencer Maciel de. A significação educativa do romantismo brasileiro: Gonçalves de Magalhães. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1973.

BORGERHOFF, Joseph Leopold. Le théâtre anglais à Paris sous la

restauration. Paris: Librairie Hachette, 1913.

BOSI, Alfredo. História Concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1975.

BURGAIN, Luís Antônio. Cornélia. Minerva brasiliense, Rio de Janeiro, v. 2, n. 24, p. 751-756, 15 out. 1844.

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 2000. (v. 2).

CANDIDO, Antonio. O Romantismo no Brasil. São Paulo: Humanitas, 2002.

CARVALHO, Ronald de. Pequena história da literatura brasileira. Rio de Janeiro: F. Briguiet, 1937.

COMPRAS. Diário de Pernambuco. Pernambuco, n. 172, p. 4, 11 ago. 1843.

DUMAS, Alexandre. Souvenirs dramatiques. Paris: Michel Lévy Frères, 1868. (t. 1).

EPHEMEROS. Diário do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, n. 6700, p. 3, 26 ago. 1844.

ESPETÁCULOS. Correio Mercantil, Rio de Janeiro, n. 332, p. 4, 4 dez. 1854.

FARIA, João Roberto. O teatro realista no Brasil: 1855-1865. São Paulo: Perspectiva, 1993.

GUANABARA. Correio Mercantil, Rio de Janeiro, n. 243, p. 3, 3 set. 1854. HESSEL, Lothar; RAEDERS, Georges. O teatro no Brasil sob Dom Pedro II. 1ª parte. Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto Estadual do Livro, 1979.

HUGO, Victor. Cromwell. Paris: Ambroise Dupont, 1828. INTRODUÇÃO. In: SILVA, Joaquim Norberto de Sousa. Amador Bueno ou A fidelidade paulistana. Rio de Janeiro: Empresa Tipográfica de Paula Brito, 1855, p. v-viii.

JOBIM, José Luís. Literatura comparada e literatura brasileira: circulações e representações. Rio de Janeiro: Makunaima; Boa Vista: Editora da Universidade Federal de Roraima, 2020.

MAGALHÃES, Domingos Gonçalves de. António José, ou O poeta e a inquisição. Rio de Janeiro: Tipografia imparcial de F. de Paula Brito, 1839.

NOTÍCIAS DIVERSAS. Correio Mercantil, Rio de Janeiro, n. 178, p. 1, 29 jun. 1855.

NOTÍCIAS DIVERSAS. Correio Mercantil, Rio de Janeiro, n. 252, p. 1, 14 set. 1859.

O CEGO. Correio Mercantil, Rio de Janeiro, n. 149, p. 3, 2 jun. 1849.

O NOSSO TEATRO DRAMÁTICO. Guanabara, Rio de Janeiro, t. 2, p. 100, 1851.

O POETA E A INQUISIÇÃO. Revista Brasileira: jornal de literatura, teatros e indústria, Rio de Janeiro, n. 1, p. 4-7, jul. 1855.

PARANHOS, Haroldo. História do romantismo no Brasil. São Paulo: Edições cultura brasileira, 1937.

PORTO ALEGRE, Manuel de Araújo. Os hinos da minha alma. Guanabara, Rio de Janeiro, t. 2, p. 42, 1851.

PRADO, Décio de Almeida. João Caetano: o autor, o empresário, o repertório. São Paulo: Perspectiva, 1972.

PRADO, Décio de Almeida. O drama romântico brasileiro. São Paulo: Perspectiva, 1996.

ROMERO, Silvio. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1888. (t. 2).

SILVA, João Manuel Pereira da. Casimir Delavigne. Jornal dos Debates, Rio de Janeiro, n. 36, p. 146-147, 3 abr. 1837a.

SILVA, João Manuel Pereira da. Estado da literatura dramática em França.

Jornal dos debates, Rio de Janeiro, n. 33, p. 33-134, 27 set. 1837b.

SILVA, João Manuel Pereira da. Literatura. Jornal dos debates, Rio de Janeiro, n. 44, p. 178, 11 nov. 1837c.

SPECTACLES. Le Constitutionnel, Paris, n. 152, p. 3, 1 jun. 1829.

STENDHAL. Correspondance de Stendhal. Paris: Charles Bosse, 1908. (t. 2).

TEATRO DE S. PEDRO DE ALCÂNTARA. Diário do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, n. 176, p. 3, 27 jun. 1855.

TEATRO SÃO PEDRO D’ALCÂNTARA. Diário do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, n. 322, p. 4, 25 nov. 1854.

TEATROS. Correio Mercantil, Rio de Janeiro, n. 19, p. 3, 21 jan. 1849.

TEATROS. Diário do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, n. 63, p. 2, 20 mar. 1841a.

TEATROS. Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, n. 74, p. 3, 21 mar. 1841b.

THÉÂTRE. Le Globe, Paris, n. 98, p. 780-781, 9 dez. 1829.

TOPOGRAFIA. O Despertador, Rio de Janeiro, n. 767, p. 1-2, 20 set. 1840.

VERÍSSIMO, José. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves; Paris: Aillaud, 1916. Disponível em: https://www. literaturabrasileira.ufsc.br/_documents/0006-00767.html. Acesso em: 1 ago. 2020.

VIGNY, Alfred de. Œuvres complètes. Paris: Gallimard, 1955.

WOLF, Ferdinand. O Brasil literário: história da literatura brasileira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1955.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2358-9787.30.3.246-268

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2021 Gabriel Esteves

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.

O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira
ISSN 0102-4809 (impressa) / ISSN  2358-9787 (eletrônica)

License

Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.