Modos de ver e de representar: o retrato feminino na poesia atribuída a Gregório de Matos

Patrícia Bastos

Resumo


Resumo: Considerando o paralelo entre pintura e poesia, presente no pensamento grego e no século XVII, o objetivo deste artigo é analisar a constituição da imagem feminina produzida na obra atribuída a Gregório de Matos, a partir de poemas selecionados, observando a recepção e o público da poesia em questão. Atendendo a possíveis influências no que diz respeito às artes retórico-poéticas vigentes na sociedade luso-brasileira, será investigado o processo de descrição relacionado à ekphrasis, bem como o conceito horaciano de ut pictura poesis, princípio que estabelece uma relação entre linguagem e pintura. Apreendendo o retrato consolidado não apenas como um retrato plástico e/ou discursivo, mas também como uma construção social e cultural, pretende-se discutir questões presentes ainda nos dias de hoje.

Palavras-chave: Gregório de Matos; mulheres, corpo, retrato.

Abstract: Considering the parallel between painting and poetry existing in Greek thought and in the 17th century, this paper analyzes how the female image is produced in selected poems attributed to Gregório de Matos, observing their reception and intended audience. Given the possible influences regarding the rhetorical-poetic arts prevailing in Luso-Brazilian society, it will also investigate the description process related to ekphrasis and the Horacean concept ut pictura poesis, a principle that establishes a relation between language and painting. By understanding the consolidated portrait not only as a plastic and/or discursive portraiture but also as a social and cultural construction, the article seeks to discuss current issues.

Keywords: Gregório de Matos; women, body, portrait.


Palavras-chave


Gregório de Matos; mulheres, corpo, retrato, women, body, portrait.

Texto completo:

PDF

Referências


ARAÚJO, Emanuel. O teatro dos vícios: transgressão e transigência na sociedade urbana colonial. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993.

ARISTÓTELES. Poética. Tradução, prefácio, introdução, comentário e apêndice de Eudoro de Sousa. Porto Alegre: Globo, 1966.

ARISTÓTELES. Retórica. Prefácio e introdução Manuel Alexandre Jr. Tradução e notas Manuel Alexandre Jr., Paulo Farmhouse Alberto e Abel do Nascimento Pena. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012. (Coleção Obras Completas de Aristóteles).

AULETE, Caldas. Dicionário contemporâneo da língua portuguesa. Rio de janeiro: Delta, 1968.

BRETON, David. A sociologia do corpo. Petrópolis: Vozes, 2007.

CARVALHO, Maria Socorro Fernandes. Poesia de agudeza em Portugal. São Paulo: Humanitas: Edusp, 2007.

COURTINE, Jean-Jacques. O corpo inumano. In: CORBIN, Alain;

COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges (Org.). História do corpo: da Renascença às Luzes. Petrópolis: Vozes, 2009. p. 487-502.

COURTINE, Jean-Jacques. História do rosto: exprimir e calar as emoções (do século 16 ao começo do século 19). Petrópolis: Vozes, 2016.

FLANDRIN, Jean-Louis. O sexo e o Ocidente. Tradução: Jean Progin. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1988.

FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. São Paulo: Global, 2003.

GUEDES, Rosane Mavignier. Gênero epidítico: ferramenta da argumentação jurídica. TradRev, Rio de Janeiro, n. 17, p. 69-77, 2014. Disponível em: https://bit.ly/3MGTQkn. Acesso em: 5 out. 2021.

HANSEN, João Adolfo. Categorias epidíticas da ekphrasis. Revista USP, São Paulo, n. 71, p. 85-105, 2006. Disponível em: https://bit.ly/3MGMuxg. Acesso em: 2 out. 2021.

HANSEN, João Adolfo. Sobre “O Juízo”, panegírico de Emanuele Tesauro. Rétor, Buenos Aires, n. 8, p. 30-57, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3MRuHDC. Acesso em: 5 out. 2021.

HANSEN, João Adolfo. Para que todos entendais: poesia atribuída a Gregório de Matos e Guerra: Letrados, manuscritura, retórica, autoria, obra e público na Bahia dos séculos XVII e XVIII. Belo Horizonte: Autêntica, 2013. v. 5. (Gregório de Matos: poemas atribuídos – Códice Asensio-Cunha).

HANSEN, João. Adolfo. A sátira e o engenho: Gregório de Matos e a Bahia do século XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

HANSEN, João. Adolfo. Autoria, obra e público na poesia colonial luso-brasileira atribuída a Gregório de Matos. Ellipsis, Nova Brunswick, n. 12, p. 91-117, 2014. Disponível em: . Acesso em: 8 out. 2021.

LOPES, Nei. Dicionário literário afro-brasileiro. Rio de Janeiro: Pallas, 2011.

MATOS, Gregório de. Gregório de Matos: poemas atribuídos – Códice Asensio-Cunha. Belo Horizonte: Autêntica, 2013. 5 v.

MUHANA, Adma. Poesia e Pintura ou Pintura e Poesia. Tratado Seiscentista de Manuel Pires de Almeida. Tradução do Latim de João Ângelo Oliva Neto. São Paulo: EDUSP, 2002.

OLIVEIRA, Ana Lúcia Machado de. Ut pictura poesis: do ato de batismo à fortuna do nome. In: TEXTO APRESENTADO NA SEMANA DE

LETRAS NEOLATINAS, 4., 2001, Rio de Janeiro. Anais […]. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2001. p. 10-14.

OLIVEIRA, Ana Lúcia Machado de. Ut pictura poesis: considerações acerca do paradigma pictural em Aristóteles. Revista Philologus, Rio de Janeiro, v. 1, n. 26, p. 164-172, 2003. Disponível em: https://bit.ly/3yRkiUs Acesso em: 17 out. 2021.

PLATÃO. A república: sobre a justiça – gênero político. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Coordenação de Benedito Nunes. 3. ed. rev. Belém: Ed. Universitária da UFPA, 2000.

RODOLPHO, Melina. Écfrase e evidência. Letras Clássicas, São Paulo, v. 18, n. 1, p. 94-113, 2014. Disponível em: https://bit.ly/3G8ftry. Acesso em: 12 out. 2021.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2358-9787.31.2.28-50

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2022 Patrícia Bastos

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.

O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira
ISSN 0102-4809 (impressa) / ISSN  2358-9787 (eletrônica)

License

Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.