O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira

O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira é um periódico trimestral, com avaliação de pares, mantido pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil) desde 1982. Tem como objetivo fomentar a produção teórica, crítica e ensaística na área de Literatura Brasileira, dando a oportunidade para que pesquisadores do Brasil e do exterior divulguem suas pesquisas e contribuam para o debate qualificado nesta área de estudos.

O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira is a peer-reviewed 
quarterly journal, sponsored by the School of Letters of the Federal University of Minas Gerais (Brazil) since 1982. It aims to promote theoretical, critical and essayistic production in the field of Brazilian Literature, giving the opportunity for researchers from Brazil and abroad to share their research and contribute to the qualified debate in this area of study.

Qualis B1 (2013-2016).

Não se cobra nenhuma taxa pela publicação dos artigos.

Free of charge.



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Notícias

 

CHAMADA PARA ARTIGOS / CALL FOR PAPERS: O Eixo e a Roda v. 33, n. 1 (2024) Dossiê: A perda como matéria: luto, melancolia, elaboração

 

Em seu famoso ensaio, Françoise Dastur (2002) propõe a experiência do luto como traço distintivo da cultura humana, pois a humanidade alcançaria a consciência de si própria por meio desse enfrentamento da morte. Ao discutir o mesmo tema, Philippe Ariès (2012) mapeia a relação entre luto e sociedade na História Ocidental, destacando distintos comportamentos humanos em relação ao luto. Se a morte de si representava a maior perda na Idade Média, a partir do século XVIII, a morte do outro ocupa esse espaço. Por tal motivo, o estudioso registra a dor diante do falecimento de pessoas próximas como a expressão mais violenta dos sentimentos espontâneos.

Filósofa e historiador apontam para a mesma direção: o luto se impõe como demanda diante de um pesar irreparável. Atravessá-lo não é possível sem mediação. A perda é, nesse contexto, uma matéria que exige reflexão. Tal atitude meditativa produz períodos variados de reclusão, o que permitiu a Freud depreender outra dinâmica humana, distinguindo-a do luto no início do século XX. Como reações distintas à perda, luto e melancolia conduzem a comportamentos diferentes do ego, o que exige caminhos diferentes para a elaboração daquela experiência.

Se a arte é uma forma de convívio com o mundo, um de seus desafios é elaborar o seu próprio modo de encarar o que parece ser um impasse: a perda. Aqueles que tentaram formulá-la, ora enveredaram para o luto, ora para a melancolia. Independentemente da inclinação, poetas de diversas nacionalidades realizaram proposições sobre o tema. Como consequência às diferentes elaborações do luto, a morte ganhou diferentes contornos e representações ao longo do tempo. Epigramas, epitáfios, elegias e canções são algumas das formas privilegiadas para o tratamento da questão. Por sua vez, a melancolia já encontra nas artes uma história. Um de seus exemplos mais notórios é Melancolia I (1514), do renascentista Albrecht Dürer. Os símbolos cristalizados por essa gravura perduram, por exemplo, em obras de Domenico Fetti, Auguste Rodin, Giorgio De Chirico e Tarsila do Amaral.

No Brasil, poetas como Bandeira e Drummond tornaram-se incontornáveis ao escreverem sobre o fim da vida, a transformação radical de espaços conhecidos, a morte de pessoas próximas ou a presença de seus fantasmas. “Poema de finados” (Libertinagem, 1930) e “Bolero de Ravel” (Sentimento do mundo, 1940) são exemplos nos quais o pernambucano e o mineiro elaboram respectivamente suas formulações poéticas acerca do luto e da melancolia. A conduta que cada um deles oferece ao problema da perda também produz uma constelação de ideias que se propaga e se refaz até o contemporâneo. Não gratuitamente, Astrid Cabral, Orides Fontela, Carlito Azevedo, Leila Danziger e Natália Agra são alguns dos nomes mais recentes que trazem em suas poesias novas formas e reflexões sobre a temática.

A edição 33, n. 1 de O Eixo e a Roda: revista de literatura brasileira receberá artigos e ensaios dedicados a discutir poetas brasileiros que tematizam a perda poeticamente. Interessam-nos os modos como autores dos séculos XX e XXI reelaboram tópicas tradicionais (memento mori, ubi sunt etc.), que desvios produzem no andamento da história literária e das artes, que imagens “pervivem” em suas poéticas e que constelações teóricas podem ser operadas do ponto de vista da poesia. Além do dossiê, a revista também aceitará artigos para a seção “Varia” – em que serão publicados trabalhos de temática livre – e resenhas de obras publicadas nos últimos três anos.

 

Referências:

ANDRADE, Carlos Drummond de. Obras completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.

ARIÈS, Philippe. História da morte no Ocidente: da Idade Média aos nossos dias. Tradução Priscila Viana de Siqueira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.

BANDEIRA, Manuel. Obra completa. 2. ed. São Paulo: Companhia José Aguilar Editora, 1967.

DASTUR, Françoise. A morte: ensaio sobre a finitude. Tradução Maria Tereza Pontes. Rio de Janeiro: DIFEL, 2002.

FREUD, Sigmund. Luto e melancolia. Tradução Marilene Carone. São Paulo: Cosac Naify, 2013.

KLIBANSKY, Raymond; PANOFSKY, Erwin; SAXL, Fritz. Saturno y la melancolía: estudios de historia de la filosofía de la naturaleza, la religión y el arte. Traducción española María Luisa Balseiro. Madrid: Alianza Editorial, 1991.

 

Organizadores: Fadul Moura (UFMG), Nathaly Felipe Ferreira Alves (PUC-SP), Ana Karla Canarinos (UERJ), Mireille Garcia (Université Rennes 2)

Data limite para submissão de artigos: 5 de junho de 2023

 

Thème du numéro: La perte comme matière: deuil, mélancolie, élaboration

 

Dans son célèbre texte, Françoise Dastur (2002) propose l'expérience du deuil comme un trait distinctif de la culture humaine, puisque l’humanité atteindrait la conscience d’elle-même à travers cette confrontation avec la mort. À ce sujet, Philippe Ariès (2012) aborde les rapports entre deuil et société dans l’Histoire occidentale, mettant en évidence différents comportements humains face au deuil. Si la mort de soi représentait la plus grande perte au Moyen Âge, à partir du XVIIIe siècle, c’est la mort de l’autre qui occupe cet espace. C’est la raison pour laquelle ce théoricien enregistre la douleur de la mort de personnes proches comme l’expression la plus violente des sentiments spontanés.

Philosophe et historien vont dans le même sens : le deuil s’impose comme une exigence face à une désolation irréparable. Aller au-delà de la tristesse n’est pas possible sans médiation. Dans ce contexte, la perte est un sujet qui demande réflexion. Une telle attitude méditative produit des périodes d’isolement variées, ce qui a permis à Freud de comprendre une autre dynamique humaine qui est différente du deuil du début du XXe siècle. Comme réactions distinctes à la perte, le deuil et la mélancolie conduisent à différents comportements de l’ ego, ce qui nécessite des voies différentes pour l’élaboration de cette expérience.

Si l’art est une manière de coexister avec le monde, un de ses défis est de développer sa propre manière d'affronter ce qui semble être une impasse : la perte. Ceux qui ont essayé de le formuler sont tombés tantôt dans le deuil, tantôt dans la mélancolie. Outre l’inclinaison, des poètes de différentes nationalités ont fait des propositions à ce sujet. Grâce aux différentes élaborations du deuil, la mort a acquis des contours et des représentations différents au fil du temps. Épigrammes, épitaphes, élégies et chants sont quelques-uns des moyens privilégiés d’aborder la question. À son tour, la mélancolie trouve déjà une histoire dans les arts. L’un de ses exemples le plus notoires est Melancholia I (1514), de l’artiste de la Renaissance Albrecht Dürer. Les symboles cristallisés par cette gravure perdurent, par exemple, dans les œuvres de Domenico Fetti, Auguste Rodin, Giorgio De Chirico et Tarsila do Amaral.

Au Brésil, des poètes comme Bandeira et Drummond sont devenus essentiels lorsqu'ils écrivent sur la fin de la vie, la transformation radicale d'espaces connus, la mort de proches ou la présence de leurs fantômes. « Poema de finados » (Libertinagem, 1930) et « Bolero de Ravel » (Sentimento do mundo, 1940) sont des exemples dans lesquels le poète de Pernambuco et le poète de Minas Gerais élaborent respectivement leurs formulations poétiques sur le deuil et la mélancolie. L’action que chacun d’eux offre au problème de la perte produit aussi une constellation d’idées qui se propage et se refait dans la contemporanéité. Ce n’est pas un hasard si Astrid Cabral, Orides Fontela, Carlito Azevedo, Leila Danziger et Natália Agra figurent parmi les noms les plus récents qui apportent dans leur poésie de nouvelles formes et réflexions à ce sujet.

Le numéro 33, v.1 de O Eixo e a Roda: revista de literatura brasileira recevra des articles consacrés à la discussion des poètes brésiliens qui abordent poétiquement la perte. Nous nous intéressons aux manières dont les auteurs des XXe et XXIe siècles traitent les thèmes traditionnels (memento mori, ubi sunt etc.). À savoir, quelles déviations elles produisent dans le cours de l’histoire littéraire et des arts, quelles images vivent dans leurs productions poétiques et quelles constellations théoriques peuvent être opérées du point de vue de la poésie. Outre la thématique du présent numéro, la revue acceptera également des articles pour la rubrique « Varia » – dans laquelle seront publiés des travaux thématiques libres – et des critiques d’ouvrages publiés au cours des trois dernières années.

 

Organisateurs de numéros: Fadul Moura (UFMG), Nathaly Felipe Ferreira Alves (PUC-SP), Ana Karla Canarinos (UERJ), Mireille Garcia (Université Rennes 2)

Date limite de soumission: 5 juin 2023

 

 

Dossier: Loss as matter: mourning, melancholy, elaboration

 

In her famous essay, Françoise Dastur (2002) proposes the experience of mourning as a distinctive trace of human culture, since humanity would achieve self-awareness through this process of coping with death. Discussing the same theme, Philippe Ariès (2012) maps the relationship between mourning and society in Western history, highlighting distinct human behaviors in relation to mourning. If the death of oneself represented the greatest loss in the Middle Ages, from the eighteenth century onwards, the death of the other occupies this space. For this reason, the scholar records the pain before the death of close people as the most violent expression of spontaneous feelings.

The philosopher and the historian point in the same direction: mourning imposes itself as a demand in the face of irreparable grief. Crossing it is not possible without mediation. Loss is, in this context, a matter that requires reflection. Such a meditative attitude produces varied periods of seclusion, which allowed Freud to deduce another human dynamic, distinguishing it from mourning in the early twentieth century. As distinct reactions to loss, mourning and melancholy lead to different behaviors of the ego, which requires different paths for the elaboration of that experience.

If art is a way of living with the world, one of its challenges is to elaborate its own way of facing what seems to be an impasse: the loss. Those who tried to formulate it, sometimes went to mourning, sometimes to melancholy. Regardless of their inclination, poets of various nationalities carried out propositions on the topic. As a consequence of the different elaborations of mourning, death has gained different contours and representations over time. Epigrams, epitaphs, elegies, and songs are some of the privileged forms for the treatment of the question. In turn, melancholy already finds a story in the arts. One of its most notorious examples is Melancholia I (1514) by the Renaissance artist Albrecht Dürer. The symbols crystallized by this engraving endure, for example, in works by Domenico Fetti, Auguste Rodin, Giorgio De Chirico, and Tarsila do Amaral.

In Brazil, poets such as Bandeira and Drummond became unavoidable when they wrote about the end of life, the radical transformation of familiar spaces, the death of close people or the presence of their ghosts. “Poema de finados” (Libertinagem, 1930) and “Bolero de Ravel” (Sentimento do mundo, 1940) are examples in which the first poet and the latter, respectively, elaborate their poetic formulations about mourning and melancholy. The conduct that each of them offers to the problem of loss also produces a constellation of ideas that propagates and remakes itself to the contemporary. Not for free, Astrid Cabral, Orides Fontela, Carlito Azevedo, Leila Danziger, and Natália Agra are some of the most recent names that bring in their poetry new forms and reflections on the subject.

The Edition 33, v. 1 of O Eixo e A Roda: Revista de Literatura Brasileira will receive articles and essays dedicated to discussing Brazilian poets who thematize loss poetically. We are interested in the ways in which authors of the twentieth and twenty-first centuries reworked traditional topics (memento mori, ubi sunt etc.), what deviations they produce in the course of literary history and the arts, what images “survive” in their poetics, and what theoretical constellations can be operated from the point of view of poetry. In addition to the dossier, the journal will also accept articles for the “Varia” section – in which free thematic works and reviews of works published in the last three years will be published.

 

Number organizers: Fadul Moura (UFMG), Nathaly Felipe Ferreira Alves (PUC-SP), Ana Karla Canarinos (UERJ), Mireille Garcia (Université Rennes 2)

Deadline for submission: June 5, 2023

 

 

Titre d'appel: La pérdida como materia: luto, melancolía, elaboración

 

En su célebre ensayo, Françoise Dastur (2002) propone la experiencia del luto como rasgo distintivo de la cultura humana, pues la humanidad alcanzaría la conciencia de sí misma por medio del confrontamiento con la muerte. Al discutir el mismo tema, Philippe Ariès (2012) estructura la relación entre luto y sociedad entre la Historia Occidental, destacando distintos comportamientos humanos con relación al luto. Si la muerte de sí representaba la principal pérdida en la Edad Media, a partir del siglo XVIII, la muerte del otro ocupa ese espacio. Por ello, ese experto registra el dolor ante el fallecimiento de personas del convivio íntimo como la expresión más violenta de los sentimientos espontáneos.

Filósofa e historiador siguen la misma dirección: el luto se impone como demanda ante un pesar irreparable. Cruzarlo no es posible sin mediación. La pérdida es, en este contexto, una materia que exige reflexión. Tal actitud meditabunda produce periodos variados de reclusión, lo que permitió a Freud inferir otra dinámica humana, diferenciándola del luto en principios del siglo XX. Como reacciones distintas a la pérdida, luto y melancolía conducen a comportamientos diferentes del ego, lo que exige caminos distintos para la elaboración de dicha experiencia.

Si el arte es una forma de convivio con el mundo, uno de sus desafíos es elaborar su propio modo de confrontarse con lo que parece ser un impase: la pérdida. Aquellos que intentaron formularla, ora siguieron hacia el luto, ora hacia la melancolía. Independiente de la inclinación, poetas de diversas nacionalidades realizaron proposiciones sobre el tema. Como consecuencia a las diferentes elaboraciones del luto, la muerte obtuvo diferentes representaciones a lo largo del tiempo.

Epigramas, epitafios, elegías y canciones son algunas de las formas privilegiadas para el tratamiento del tema. Por su turno, la melancolía encuentra en las artes una historia. Uno de sus ejemplos más célebres es Melancolía I (1514), del renacentista Albrecht Dürer. Los signos cristalizados por sus grabados perviven, por ejemplo, en obras de Domenico Fetti, Auguste Rodin, Giorgio de Chirico y Tarsila do Amaral.

En Brasil, poetas como Manuel Bandeira y Carlos Drummond de Andrade se hicieron autores renombrados al escribir sobre el fin de la vida, la transformación radical de espacios conocidos, la muerte de amigos o la presencia de sus fantasmas. “Poema de finados” (Libertinagem, 1930) y “Bolero de Ravel” (Sentimento do mundo, 1940) son ejemplos en los que ambos los poetas elaboran respectivamente sus formulaciones poéticas acerca del luto y de la melancolía. La conducta que cada uno de ellos ofrece al problema de la pérdida también produce una constelación de ideas que se propaga y se rehace hasta lo contemporáneo. No en vano, Astrid Cabral, Orides Fontela, Carlito Azevedo, Leila Danziger y Natália Agra son algunos de los nombres más recientes que aportan en sus poesías nuevas formas y reflexiones sobre la temática.

La edición 33, v.1 de O eixo e a Roda: revista de literatura brasileira aceptará artículos y ensayos dedicados a discutir poetas brasileños que tematizan la pérdida poéticamente. Nos interesan los modos cómo los autores de los siglos XX y XXI reelaboran materias tradicionales (memento, mori, ubi sunt, etc.), qué desvíos producen en el rumbo de la historia literaria y de las artes, qué imágenes perviven en sus poéticas y qué constelaciones teóricas se pueden operar desde el punto de vista de la poesía. Además de esta sección, la revista también aceptará artículos para la sección “Varia” – en la que se publicarán trabajos de temática libre – y reseñas de obras publicadas en los últimos tres años.

 

Organizadores de la sección: Fadul Moura (UFMG), Nathaly Felipe Ferreira Alves (PUC-SP), Ana Karla Canarinos (UERJ), Mireille Garcia (Université Rennes 2)

Plazo para envío de artículos: 5 de junio de 2023

 
Publicado: 2023-02-15
 

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Publicado: 2014-11-29 Mais...
 

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Publicado: 2014-11-01 Mais...
 
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v. 31, n. 3 (2022): Temática Livre


Capa da revista

Editores:: Marcia Regina Jaschke Machado, Paulo Vinícius Bio Toledo

Organizadores: Marcia Regina Jaschke Machado, Paulo Vinícius Bio Toledo