Por uma abordagem tensiva do fait divers

Conrado Moreira Mendes

Abstract


Resumo: Neste artigo, propõe-se uma abordagem baseada na Semiótica tensiva para o fait divers. A expressão, que advém da imprensa francesa do século XIX, reporta-se a acontecimentos inusitados, fortemente marcados por um caráter emocional. A primeira abordagem estrutural do fait divers se deve a Barthes. Diferentemente desse autor, no entanto, e com base nas ideias de Zilberberg sobre a noção de tensividade, apresenta-se um modelo que concebe as categorias duração e memória como constitutivas desse tipo de relato. Ademais, apresenta-se uma tipologia tensiva, a partir da qual pode-se classificar o fait divers quanto à intensidade e à extensidade.

Palavras-chave: Semiótica francesa; tensividade; fait divers.

Abstract: In this study, we propose an approach based on tensive semiotics to fait divers (feature story). The term, which comes from the French press of the nineteenth century, refers to unusual events, strongly marked by an emotional character. The first structural approach to fait divers relates to Barthes. In contrast to this author, however, and based on Zilberberg’s ideas about the concept of tensivity, we present a model that conceives the categories duration and memory as constituting such kind of report. In addition, we present a tensive typology, from which one can classify fait divers regarding intensity and extent.

Keywords: French Semiotics; Tensivity; Fait Divers.


Keywords


French Semiotics; Tensivity; Fait Divers.

References


ALENCAR, M. A de. O que é o fait divers: considerações a partir de Roland Barthes. In: CASANOVA, V.; GLENADEL, P. (Org.). Viver com Barthes. Rio de Janeiro: Sete Letras, 2005. v. 1, p. 115-128.

BABO-LANÇA, I. Acontecimento e memória. In: FRANÇA, V. R. V.; OLIVEIRA, L. de. Acontecimento: reverberações. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.

BARROS, D. L. P. de. Paixões e apaixonados: exame semiótico de alguns percursos. Cruzeiro Semiótico, Porto, Associação Portuguesa de Semiótica, v. 11-12, 1990. p. 60-73.

BARROS, D. L. P. de. Uma reflexão semiótica sobre a “exterioridade” discursiva. Revista Alfa, São Paulo, Unesp, v. 2, n. 53, p. 351-364, 2009.

BARTHES, R. Structure du fait divers. In: ______. Essais critiques. Paris: Seuil, 1964.

DION, S. O fait divers como gênero narrativo. Revista Letras, UFSM, v. 34, p. 123-131, 2007.

DOSSE, F. A história do estruturalismo: o campo do signo – 1945/1966. Tradução de A. Cabral. Bauru: EDUSC, 2007. v. 1.

FIORATTI, G. Peça de teatro sobre caso Isabella Nardoni estreia em SP. Folha de S. Paulo, 2013. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/01/1220042-peca-de-teatro-sobre-caso-isabella-nardoni-estreia-em-sp-em-marco.shtml. Acesso em: 9 mai. 2016.

FONTANILLE, J.; ZILBERBERG, C. Tensão e significação. Tradução Ivã Carlos Lopes, Luiz Tatit e Waldir Beividas. São Paulo: Humanitas, 2001.

FONTANILLE, J.; ZILBERBERG, C. Semiótica do discurso. Tradução de Jean Cristtus Portela. São Paulo: Contexto, 2007.

FONTANILLE, J.; ZILBERBERG, C. Práticas semióticas: imanência e pertinência, eficiência e otimização. In: DINIZ, M. L. V. P.; PORTELA, J. C. (Org.). Semiótica e mídia: textos, práticas, estratégias. Bauru: UNESP/FAAC, 2008.

GREIMAS, A. J. L’Énonciation: une posture épistémologique. Significação – Revista Brasileira de Semiótica, Ribeirão Preto, n. 1, p. 9-25, 1974.

GREIMAS, A. J.; FONTANILLE, J. Semiótica das paixões: dos estados de coisas aos estados de alma. Tradução de Maria José Rodrigues Faria Coracini. São Paulo: Ática, 1993.

HJELMSLEV, L. Ensaios linguísticos. Tradução Antônio de Pádua Danesi. São Paulo: Perspectiva, 1991.

JORNAL NACIONAL. Site. Disponível em: http://jornalnacional.globo.com/. Acesso em: 9 maio 2016.

LANDOWSKI, E. Passions sans nom: essais de socio-sémiotique III. Paris: Presses Universitaires de France, 2004.

LAROUSSE, P. Fait divers. In: Grand Dictionnaire universel du XIXe siècle. v. 8. Paris: Librairie Classique Larousse et Boyer, 1866-1875. p. 58.

MENDES, C. M. Semiótica e mídia: uma abordagem tensiva do fait divers. 2013. 282 f. Tese (Doutorado em Semiótica e Linguística) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

MENDES, C. M. Um olhar tensivo sobre a estrutura barthesiana do fait divers. Estudos Semióticos, São Paulo, USP, v. 9, n. 2, p. 22-27, 2013.

MENDES, C. M. A extensão do acontecimento midiático: uma leitura semiótica pelos conceitos de fidúcia e concessão. CASA: Cadernos de Semiótica Aplicada, São Paulo, USP, v. 12, n. 1, p. 259-290, 2014.

MENDES, C. M. Dialogismo e tensividade. Estudos Semióticos, USP, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 45-52, 2014b.

MEYER, M. Folhetim: uma história. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

RAMOS, R. Caso Isabella: uma leitura semiológica. Significação, São Paulo, USP, n. 30, p. 137-147, 2008.

REBELLO, P. A violência em família. O Globo, 19 jul. 2012.

TATIT, L. Musicando a semiótica: ensaios. São Paulo: Annablume, 1997.

ZILBERBERG, C. Louvando o acontecimento. Tradução de Maria Lúcia Vissotto Paiva Diniz. Revista Galáxia, São Paulo, n. 13, p. 13-28, jun. 2007.

ZILBERBERG, C. Elementos de semiótica tensiva. Tradução Ivã Carlos Lopes, Luiz Tatit e Waldir Beividas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2011.

ZILBERBERG, C. Des formes de vie aux valeurs. Paris: PUF, 2011.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2237-2083.25.1.333-356

Refbacks

  • There are currently no refbacks.
';



Copyright (c) 2017 REVISTA DE ESTUDOS DA LINGUAGEM

Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.

e - ISSN 2237-2083 

License

Licensed through  Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional