Nomes masculinos X-son na antroponímia brasileira: uma abordagem morfológica, histórica e construcional / Male Names in X-Son in Brazilian Anthroponymy: a Morphological, Historical and Constructional Approach

Natival Almeida Simões Neto, Juliana Soledade

Abstract


Resumo: Neste trabalho, pretendemos fazer uma análise de nomes masculinos terminados em -son na lista de aprovados dos vestibulares de 2016 e 2017 da Universidade do Estado da Bahia, como Anderson, Jefferson, Emerson, Radson, Talison, Erickson e Esteferson. Ao todo, foram registrados 96 nomes graficamente diferentes. Esses nomes, quando possível, foram analisados do ponto de vista etimológico, com base em consultas nos dicionários onomásticos de língua portuguesa de Nascentes (1952) e de Machado (1981), além de dicionários de língua inglesa, como os de Arthur (1857) e Reaney e Willson (2006). Foram também utilizados como materiais de análise a Lista de nomes admitidos em Portugal, encontrada no site do Instituto dos Registos e do Notariado, de Portugal, e a Plataforma Nomes no Brasil, disponível no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Quanto às análises morfológicas aqui empreendidas, utilizamos como aporte teórico-metodológico a Morfologia Construcional, da maneira proposta por Booij (2010), Soledade (2013), Gonçalves (2016a), Simões Neto (2016) e Rodrigues (2016). Em linhas gerais, o artigo vislumbra observar a trajetória do formativo –son na criação de antropônimos no Brasil. Para isso, analisamos o seu estatuto de patronímico no inglês e a sua chegada ao português, como um dos elementos mais recorrentes entre nomes neológicos brasileiros.

Palavras-chave: antropônimos brasileiros; neologismos; mudança morfossemântica.

Abstract: In this paper, we intend to analyze the masculine names ending in -son in the approved list of 2016 and 2017 college entrance exams of the Universidade do Estado da Bahia, such as Anderson, Jefferson, Emerson, Radson, Talison, Erickson and Esteferson. In all, 96 different graphical names were registered. These names, when possible, were analyzed from the etymological point of view, based on queries in the Portuguese-language onomastic dictionaries of Nascentes (1952) and Machado (1981), as well as English-language dictionaries such as Arthur (1857) and Reaney and Willson (2006). The List of names accepted in Portugal, found on the website of the Instituto dos Registros e do Notariado, in Portugal, and the Names Platform in Brazil, available on the website of the Brazilian Institute of Geography and Statistics. For the morphological analyzes carried out here, the Constructional Morphology, as proposed by Booij (2010), Soledade (2013), Gonçalves (2016a), Simões Neto (2016) and Rodrigues (2016), was used as a theoreticalmethodological approach. In general terms, the article aims to observe the trajectory of formative -son in the creation of anthroponyms in Brazil. For this, it analyzes its status of patronymic in English and its arrival in Portuguese, as one of the most recurrent elements among Brazilian neological names.

Keywords: Brazilian anthroponyms; neologisms; morphological change.


Keywords


Brazilian anthroponyms; neologisms; morphological change.

References


ARTHUR, William. An Etymological Dictionary of Family and Christian Names With an Essay on their Derivation and Import. New York: Sheldon. Blakeman, 1857.

BARBOSA, A. Lemos. Pequeno vocabulário tupi-português. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1951. 202 p.

BERNARDET, Jean-Claude. Cinema brasileiro: propostas para uma história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

BOOIJ, Geert. Construction Morphology. Oxford: Oxford University Press, 2010.

CARVALHINHOS, Patrícia de Jesus; ANTUNES, Alessandra Martins. Princípios teóricos de Toponímia e Antroponímia: a questão do nome próprio. In: CONGRESSO NACIONAL DE LINGÜÍSTICA E FILOLOGIA, XI., 2007, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Cifefil, 2007. v. XI, p. 108-121.

CASTRO, Ivo. A atribuição do nome próprio no espaço luso-brasileiro: dados paulistas. In: AGRELO, A. I. B. (Org.). Novi te ex nomine: estudos filolóxicos ofrecidos ao Prof. Dr. Dieter Kremer. Coruña: Fund. Barrié, 2004. p. 245-256.

CASTRO, Ivo. Mais sobre antroponímia luso-brasileira: dados cariocas. In: MARQUES, Maria Aldina; KOLLER, Erwin (Ed.). Ciências da Linguagem: 30 anos de investigação e ensino. Braga: Universidade do Minho, 2005. p. 45-52.

COISAS que só acontecem na Bahia. Disponível em: https://www.facebook.com/RIUSpiadasinteligentes/posts/878943255460329. Acesso em: 17 out. 2017.

FILLMORE, Charles. Lectures on deixis. Berkeley: University of California, 1971.

GALDIOLI. Andreza da Silva. A cultura norte-americana como um instrumento do soft power dos Estados Unidos: o caso do Brasil durante a Política da Boa Vizinhança. 2008. 147f. Dissertação (Mestrado em Relações Internacionais) – UNESP, UNICAMP, PUC-SP, São Paulo, 2008.

GONÇALVES, Carlos Alexandre Victório. Atuais tendências em formação de palavras no português brasileiro. Signum: Estudos da Linguagem, Londrina, v.15, n. 1, p.169-199, 2012.

GONÇALVES, Carlos Alexandre Victório. Morfologia construcional: uma introdução. São Paulo: Contexto, 2016a.

GONÇALVES, Carlos Alexandre Victório. Atuais tendências em formação de palavras. São Paulo: Contexto, 2016b.

HENRIQUES, Cláudio Cezar. Léxico e semântica: estudos produtivos sobre palavra e significação. Rio de Janeiro: Campus; Elsevier, 2011. 231p.

HOUAISS, Antonio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

LEHRER, Adrienne. Prefix in English word formation. Folia Linguistica, Berlim, v. XXIX, n. 1-2, p. 133-148, 1998.

LEVINSON, Stephen C. Dêixis. In: ______. Pragmática. Trad. Luís Carlos Borges, Aníbal Mari. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

LIEBERSON, Stanley; MIKELSON, Kelly S. Distinctive African American Names: An Experimental, Historical and Linguistic Analvsisof Innovation. In: ______. American Sociological Review, v. 60, n 6, p. 928-946, 1995.

LISTA de aprovados dos vestibulares de 2016. disponível em: http://www.vestibular.uneb.br/resultadovestibular2016.pdf. Acesso em: 7 out. 2017.

LISTA de aprovados dos vestibulares de 2017. disponível em: http://www.vestibular.uneb.br/resultado_uneb_2017.2.pdf. Acesso em: 7 out. 2017.

LISTA DE NOMES admitidos em Portugal. Atualizada em 31 mar. 2017. Disponível em: http://www.irn.mj.pt/sections/irn/a_registral/registos-centrais/docs-da-nacionalidade/vocabulos-admitidos-e/downloadFile/file/Lista_de_nomes2017-03-31.pdf?nocache=1491571447.75. Acesso em: 7 out. 2017.

MACHADO, José Pedro. Dicionário onomástico etimológico da língua portuguesa. 3 v. Lisboa: Horizonte; Confluência, 1981.

MENON, Odete Pereira. Sobrenomes no feminino e patronímicos em –ez (-es): perdas morfológicas em português. Revista Diadorim, Rio de Janeiro, v.13, n. especial, p. 65-81, 2013.

MEXIAS-SIMON, Maria Lúcia; OLIVEIRA, Aileda de Mattos. O nome do homem: reflexões em torno dos nomes próprios. Rio de Janeiro: H. P. Comunicação, 2004.

MILL, John Stuart. A system of logic ratiocinative and inductive. New York: Harper & Brothers, Publishers; Franklin Square, 1846.

NASCENTES, Antenor. Dicionário etimológico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1952. t. II.

NOMES NO BRASIL. Disponível em: https://censo2010.ibge.gov.br/nomes/#/search. Acesso em: 29 out. 2017.

OLIVEIRA, Ana Cristina Rosito. As formações X-nejo no português do Brasil: uma análise construcional. 2017. Dissertação (Mestrado em Língua Portuguesa) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

PINKER, Steven. O que há num nome? In: ______. Do que é feito o pensamento: a língua como janela para a natureza humana. Tradução de Fernanda Ravagnani. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 320-367.

PLATAFORMA Nomes no Brasil. Disponível em: https://censo2010.ibge.gov.br/nomes/#/search. Acesso em: 7 out. 2017.

REANEY, Percy H.; WILSON, Richard Middlewood. A Dictionary of English Surnames. 3. ed. London; New York: Routledge, 2006.

RODRIGUES, Letícia Santos. Neologismos antroponímicos com base na utilização de formativos germânicos no Brasil. 2016. Monografia (Conclusão de Curso) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.

SEIDE, Marcia Sipavicius. Toponomástica e antroponomástica: paradigmas e métodos. Confluência, Rio de Janeiro, v. 44/45, p. 165-184, 2013.

SILVA, Irani Sacerdote de Souza. Antroponímia portuguesa: um breve estudo acerca dos sobrenomes no período medieval. Voos: Revista Polidisciplinar Eletrônica da Faculdade Guairacá, Guarapuava, PR, v. 4, n. 1, p. 31-40, 2012.

SIMÕES NETO, N. A. Um enfoque construcional sobre as formações X-eir-: da origem latina ao português arcaico. 2016. 2 v., 655f. Dissertação (Mestrado em Língua e Cultura) – Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.

SIMÕES NETO, Natival Almeida; RODRIGUES, Letícia Santos. A neologia e os processos genolexicais em antropônimos brasileiros: um breve mapeamento de estudos realizados. Mandinga: Revista de Estudos Linguísticos, Unilab, v. 1, n.2, p. 110-127, 2017.

SODRÉ, Nelson Werneck. Síntese de História da Cultura Brasileira. 9 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.

SOLEDADE, Juliana. A antroponímia no português arcaico: aportes sobre a sufixação em nomes próprios personativos. In: LOBO, Tânia et al. (Org.). Rosae: linguística histórica, história das línguase outras histórias. Salvador: EDUFBA, 2012. p. 323-336.

SOLEDADE, Juliana. Experimentando esquemas: um olhar sobre a polissemia das formações [Xi-EIR-]Nj no português arcaico. Diadorim: Revista de Estudos Linguisticos e Literarios, Rio de Janeiro, v. 1, n. especial, 2013.

SOUSA, Alexandre Melo de. Desbravando a Amazônia Ocidental Brasileira: Estudo toponímico de acidentes geográficos humanos e físicos do Acre. 2007. 123f.. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2007.

SURNAMEDB. The Internet Surname Database. Disponível em: http://www.surnamedb.com. Acesso em: 29 out. 2017.

SZYMANEK, Bogdan. The latest trends in English word-formation. In: ŠTEKAUER, P.; LIEBER, R. (Ed.). The handbook of word-formation. Netherlands: Springer, 2005. p. 429-448.

TEIXEIRA, José. Metonímias e metáforas no processo de referência por alcunhas do Norte de Portugal. Diacrítica, Série Ciências da Linguagem, Universidade do Minho, Braga, v. 21, n. 1, p. 207-239, 2007.

THE INTERNET Surname Database. Disponível em: http://www.surnamedb.com. Acesso em: 15 out. 2017.

ULLMANN, Stephen. Nomes próprios. In: ______. Semântica: uma introdução à ciência do significado. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1964. p. 148-165.

VASCONCELOS, José Leite de. Antroponímia portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional, 1928.

VIARO, Mário Eduardo. Manual de etimologia do português. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2013. 218 p.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2237-2083.26.3.1295-1350

Refbacks

  • There are currently no refbacks.
';



Copyright (c) 2018 Natival Almeida Simões Neto, Juliana Soledade

Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.

e - ISSN 2237-2083 

License

Licensed through  Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional