Espaços urbanos contemporâneos em O Sol se Põe em São Paulo, de Bernardo Carvalho

Resumo

Este artigo busca analisar a construção dos espaços urbanos contemporâneos em O sol de põe em São Paulo, do autor brasileiro Bernardo Carvalho, a fim de compreender as novas linhas de criação e os novos tratamentos temáticos na produção ficcional brasileira. Partindo da reflexão sobre alguns aspectos teóricos da categoria espaço na literatura contemporânea, visamos apresentar o modo como o autor criou os espaços das cidades e como os personagens se deslocam e se identificam nesse espaço onde fervilham diferenças e traços multiculturais. As representações de espaços despersonalizados e caricaturados, devido às trocas culturais que nele se realizam, levam a reflexão em torno da dificuldade em se identificar com o próprio espaço nacional. Fazendo referências aos clássicos da literatura japonesa, Bernardo Carvalho se apropria da sombra e da opacidade para caracterizar esses espaços urbanos, encobrindo, assim, a trama dos personagens. Num romance em que os personagens se reinventam, a cidade também acaba por se tornar uma personagem ao se modificar conforme o olhar do narrador, um sujeito em permanente crise, que duvida de tudo e de todos, inclusive de sua própria narrativa. Enfim, através da compreensão de diferentes conceituações do espaço, o presente trabalho visa contribuir para os estudos da literatura contemporânea brasileira.