Lições da Pandemia para a Educação Brasileira

Joyce Vieira Fettermann

Resumo


No podcast ao  qual  este  resumo  está conectado, discorro  sobre  cinco lições que podemos tirar da pandemia do COVID-19 para a educação brasileira. A primeira delas, é que “Aulas remotas não são ensino a distância (EaD)”. Aprendemos isso com o tempo. Como diz Coscarelli (2020), EaD de qualidade não é feito assim, como  foi   quando   começou  a  pandemia.   Naquele  momento,   os  professores,subitamente,  tiveram  que  começar  a  dar  aulas  remotas,  usando  ferramentas  que não  conheciam,  sem  ser  devidamente  capacitados  para  isso  e,  em  muitos  casos, sem conexão com a internet. E isto não é EaD, é um ensino remoto emergencial. Uma segunda lição é que “É preciso mais desapego do currículo e de seus aspectos quantitativos”. Falo isso ainda com base em Coscarellie nas experiências de mãe, que desde o inícioda quarentena, assim como várias famílias, também começou a acompanhar mais diretamente o processo de aprendizagem do filho. Mesmo nesse momento,  muitas  escolas  continuaram  apegadas  ao  conteúdo  programático  do currículo,  enquanto  as  necessidadesmaiores dos  alunos  eram  socioemocionais. Houve movimentos na direção de dar suporte nesse sentido, mas ainda precisamos aprender  muito sobre  como  valorizar mais os  sentimentos  e  as  emoções  dos estudantes. A terceira lição é esta: “Aulas presenciais remotas não precisam ter o mesmo  tempo  das  presenciais  que  acontecem  na  escola”. Por vários motivos, é necessário  adaptar  esse  período  em  que  os  alunos  ficam  sentados  em  frente  às telas.  E  isto  está  diretamente  ligado  à  necessidade  de  desapego  ao  currículo.  A quarta lição da pandemia é que “O vínculo se mostrou ainda mais importante para a educação”. Aulas remotas, como aprendemos em 2020, não foram criadas para crianças,  por  exemplo.  Estudar  assim  não  fez  sentido  algum  para  elas,  pois perderam a conexão que foi construída antes. Esse vínculo (com os amigos, com osprofessores, com o conhecimento em colaboração) faz parte de todo o processo de aprendizagem. Porém, a lógica escolar transmissiva transportada para os ambientes on-line  limita  a  cooperação,  o  que  prejudica  a  criação/manutenção  dos  vínculos. Assim, é preciso, também, aprender sobre como transmitir menos e cooperar mais (BUNZEN, 2020). Por fim, a quinta lição mostra que “Muito se fala sobre o ensino híbrido, mas ainda há muito o que aprender a seu respeito”. Há anos, pesquisadores vêm desenvolvendo estudos sobre o ensino híbrido. Mesmo assim, a conclusão de uma pesquisa de Siemens, Gasevic e Dawson (2015) é que as evidências sobre o desempenho  dos  aprendizes  ainda  eram  frágeis. Ou  seja,  é  preciso  mais  estudos específicos sobre as diversas práticas híbridas, já que os resultados mostrados são de práticas on-line positivas. Segundo Junqueira (2020), para que haja uma melhor compreensão do tema, precisamos estudar as interações entre alunos e conteúdos, o papel dos professores, as tecnologias digitais mais adequadas para orientar suas escolhas  pedagógicas, entre  outros.  Portanto,  colocar  o  ensino  híbrido em  prática vai  além  de  simplesmente  mesclar  momentos  de  aulas  presenciais  e  on-line.  Os desafios  são,  de  fato,  muito  grandes  no  Brasil,  especialmente,  após  o  período pandêmico.

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Palavras-chave


Educação; pandemia; tecnologias; escola; currículo

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ISSN 2317-0220