Estudo piloto do efeito da estruturação temporal sobre a sincronização fala-metrônomo

Rafael Ésquines Cangiani, Pablo Arantes

Resumo


No presente trabalho apresentamos resultados de um experimento de sincronização entre a produção de participantes e estímulos sonoros externos cujo objetivo é mostrar que o desempenho na tarefa de sincronização é afetado pelo tipo de estruturação temporal dos estímulos. Foram geradas sequências de dez sílabas sintéticas /ba/ com intervalos entre os onsets vocálicos de quatro tipos: (i) isócronos, (ii) aleatórios, (iii) estruturados de acordo com um modelo de ritmo baseado em osciladores acoplados de forma a simular dois grupos acentuais e (iv) uma sequência isócrona com um alongamento súbito na quinta posição. A sincronia de fase entre os onsets da produção dos participantes e os onsets das sílabas sintéticas foi tomada como correlato do grau acoplamento entre a produção do participante e o estímulo externo. Os resultados iniciais indicam que as sequências do tipo (i) são as que mais favorecem a sincronia. As demais resultam em assincronia, embora os padrões difiram. Os observados nas de tipo (ii) sugerem que o desempenho é relativamente uniforme ao longo das dez sílabas da sequência, enquanto nas de tipo (iii) a sincronia é melhor nas proximidades do alongamento que corresponde à culminância do acento frasal. Os resultados favorecem a hipótese de que a organização temporal da produção dos participantes é afetada pela percepção da estruturação rítmica do estímulo externo. Se aprofundados em estudos posteriores, os resultados indicam que a relação entre produção e percepção do ritmo pode ser tratada de forma unificada por modelos inspirados em sistemas dinâmicos de osciladores acoplados.


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