Hamaca Paraguaya: luto e resistência no cinema latino-americano contemporâneo

Bárbara Xavier França

Resumo


Como o filme paraguaio Hamaca Paraguaya (Paz Encina, 2006) cifra a história? O filme, o primeiro longa realizado no país desde 1978, apresenta um casal de velhos sentados em uma rede, reclamando das intempéries do dia e da ausência do filho, que partiu para uma guerra e possivelmente lá morreu. O presente trabalho toma aspectos da escritura fílmica como as repetições presentes nos diálogos entre os personagens, no posicionamento de câmera e nos padrões da montagem, bem como na utilização do extracampo e no desenvolvimento narrativo buscando pensar a ideia de um tempo suspenso. A partir de então, discute como esse estado pode expressar uma relação com a memória de períodos traumáticos, como a guerra, resistindo ao luto e ao esquecimento. Por fim, coloca Hamaca em relação ao cinema latino-americano contemporâneo e aos “cinemas novos” que surgiram na região. 

Como o filme paraguaio Hamaca Paraguaya (Paz Encina, 2006) cifra a história? O filme, o primeiro longa realizado no país desde 1978, apresenta um casal de velhos sentados em uma rede, reclamando das intempéries do dia e da ausência do filho, que partiu para uma guerra e possivelmente lá morreu. O presente trabalho toma aspectos da escritura fílmica como as repetições presentes nos diálogos entre os personagens, no posicionamento de câmera e nos padrões da montagem, bem como na utilização do extracampo e no desenvolvimento narrativo buscando pensar a ideia de um tempo suspenso. A partir de então, discute como esse estado pode expressar uma relação com a memória de períodos traumáticos, como a guerra, resistindo ao luto e ao esquecimento. Por fim, coloca Hamaca em relação ao cinema latino-americano contemporâneo e aos “cinemas novos” que surgiram na região. 

Palavras-chave


Hamaca Paraguaya; Paraguai; Cinema Latino-americano; Pausa; Luto e Melancolia

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2179-8478.0.9.80-101

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