A influência do conceito de felicidade da poesia arcaica grega na literatura sapiencial judaica após o cativeiro babilônico

Milton Luiz Torres

Resumo


Este artigo apresenta uma comparação de aspectos do conceito de felicidade na poesia arcaica grega com a literatura sapiencial judaica após o cativeiro babilônico, com o objetivo de estabelecer a relação de uma com a outra. Para tanto, analisa a tensão existente entre sabedoria convencional e subversiva nas duas literaturas, dando especial atenção a sete dimensões relativas à felicidade: a moderação, o conhecimento de si, o controle das paixões, o respeito aos próprios limites, o tipo de morte, o esquivar-se à fiança e, finalmente, a saúde. A vertente predominante da literatura sapiencial judaica é aquela expressa nos livros de Provérbios, Eclesiástico, Sabedoria e Salmos de Salomão. São os livros de Jó e Eclesiastes que requerem explicação devido a sua filiação aos apotegmas da sabedoria subversiva, incomum nos círculos judaicos. A conclusão de que essa vertente tenha se originado do contato com os gregos tem duas vantagens explanatórias: dá algum tipo de suporte à suposição tão comum entre os historiadores do judaísmo de que os processos de helenização de Israel tiveram início bem antes do século III, período geralmente apontado como época do desencadeamento de tais processos, e propõe uma solução ao menos provisória para a misteriosa incursão de uma vertente não consuetudinária na literatura sapiencial judaica.


Palavras-chave


literatura sapiencial; poesia arcaica grega; judaísmo.

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/1983-3636.14.1.57-85

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ISSN 2179-7064 (impressa) / ISSN 1983-3636 (eletrônica)

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