Casa-grande e senzala, de Gilberto Freyre, na Itália: exemplos de escolhas tradutórias extraídos da análise paratextual

Nicoletta Cherobin

Resumo


Este artigo tem como objetivo apresentar exemplos de escolhas tradutórias ligadas a um léxico tipicamente brasileiro evidenciadas a partir da análise de uma seleção de paratextos da versão italiana de Casa-grande e senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal (1933), de Gilberto Freyre, publicada com o título Padroni e schiavi e traduzida por Alberto Pescetto, em 1965, pela editora Einaudi. Para atingir este objetivo e embasar teoricamente este artigo, utilizaram-se contribuições de teóricos dos Estudos da Tradução (TOROP, 2010; BAKER, 1998; VENUTI, 1999; GENTZLER, 1998), mas sobretudo dos estudos paratextuais (GENETTE, 1989; YUSTE FRIAS, 2010; TORRES, 2011). A análise de alguns paratextos selecionados (representados pela capa, os prefácios e o glossário) proporcionou a apresentação da ligação entre as traduções produzidas, da mesma obra, em diversos contextos culturais e geográficos: o estadunidense, o francês e o italiano. De fato, a produção de Padroni e schiavi conta com a contribuição dos intelectuais franceses da École des Annales [Escola dos Anais] e, indiretamente, do brasilianista Samuel Putnam, responsável pela tradução estadunidense usada como referência para a tradução francesa e, em seguida, a italiana. Como conclusão foi possível evidenciar também algumas caraterísticas meramente distintivas deste último contexto histórico e cultural de recepção.


Palavras-chave


Gilberto Freyre, Casa Grande e senzala, Padroni e schiavi, Paratexto, Tradução Italiana.

Texto completo:

PDF

Referências


BAKER, Mona (Ed.). Routledge encyclopedia of Translation Studies. London, New York: Routledge, 1998.

BRAUDEL, Fernand. Introduzione di Fernand Braudel. In: FREYRE, Gilberto. Padroni e schiavi: la formazione della famiglia brasiliana in regime di economia patriarcale. Tradução de Alberto Pescetto. Torino: Giulio Einaudi, 1965. p. IX-XI.

CANDIDO, Antonio. O significado de “Raízes do Brasil”. HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1995. p. 9-21.

CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e da Cultura, Instituto Nacional do Livro, 1954.

CELARENT, Barbara. The masters and the slaves by Gilberto Freyre. American Journal of Sociology, Chicago, v. 116, n. 1, p. 334-339, July 2010. Disponível em: www.jstor.org/stable/10.1086/655749. Acesso em: 10 fev. 2016.

CHACON, Vamireh. A construção da brasilidade: Gilberto Freyre e sua geração. Brasília: Paralelo 15; São Paulo: Marco Zero, 2001.

CHEROBIN, Nicoletta. (La) Casa-grande e (la) senzala brasiliana tradotta in italiano: analisi paratestuale di Padroni e schiavi. 2015. Tese (Doutorado em Estudos da Tradução) – Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015. 2 v. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/158426/336881.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 15 jan. 2016.

DAVID, Michel. L’immaginario della biblioteca: scritti letterati. Roma: Aracne Editrice, 2012. Disponível em: http://www.aracneeditrice.it/pdf/9788854847668.pdf. Acesso em: 15 jan. 2016.

EINAUDI. Le edizioni Einaudi negli anni 1933-2003. Torino: Einaudi Editore, 2003.

FREYRE, Gilberto. Brazil, an interpretation. New York: Alfred A. Knopf, 1945a.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal. Rio de Janeiro: Maia & Schmidt, 1933.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande y senzala. Formacion de la familia brasileña bajo el regimen de econ(FREYRE, 1965, p. IX)omia patriarcal. Tradução de Benjamin De Garay. Buenos Aires: Biblioteca de Autores Brasileños Traducidos al Castellano, 1942.

FREYRE, Gilberto. Case e catapecchie: la decadenza del patriarcato rurale brasiliano e lo sviluppo della famiglia urbana. Traduçção de Alberto Pescetto. Torino: Giulio Einaudi, 1972.

FREYRE, Gilberto. Interpretazione del Brasile. Tradução de Franco Lo Presti Seminerio. Milano: Fratelli Bocca, 1954.

FREYRE, Gilberto. Maîtres et esclaves: la formation de la société brésilienne. Tradução de Roger Bastide. Paris: Gallimard, 1952.

FREYRE, Gilberto. Nordeste: aspectos da influência da cana sobre a vida e a paisagem do Nordeste do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1937.

FREYRE, Gilberto. Nordeste: l’uomo e gli elementi. Traduçção de Alberto Pescetto. Milano: Rizzoli, 1970.

FREYRE, Gilberto. Padroni e schiavi: la formazione della famiglia brasiliana in regime di economia patriarcale. Tradução de Alberto Pescetto. Torino: Giulio Einaudi, 1965.

FREYRE, Gilberto. Sobrados e mucambos: decadência do patriarcado rural e desenvolvimento do urbano. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1936.

FREYRE, Gilberto. Sociologia della medicina: breve introduzione allo studio dei suoi principi, metodi e con altre sociologie e altre scienze. Tradução de Alberto Pescetto. Milano: Rizzoli, 1975.

FREYRE, Gilberto. Sociologia: introdução ao estudo dos seus princípios. Rio de Janeiro: José Olympio, 1945b.

FREYRE, Gilberto. The masters and the slaves: a study in the development of Brazilian civilization. Tradução de Samuel Putnam. New York: Alfred, A. Knopf, 1946.

GENETTE, Gérard. Soglie. I dintorni del testo. Tradução de Camilla Cederna. Torino: Einaudi, 1989.

GENTZLER, Edwin. Teorie della traduzione, tendenze contemporanee. Tradução de Maria Teresa Musacchio. [S.l.]: UTET Libreria, 1998.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.

LOSANO, Mario G. Ambigui tropici: la multietnicità felice di Gilberto Freyre e l'ultimo colonialismo portoghese. Teoria Politica, Torino, n. 1, p. 5-45, 2008. Disponível em: http://dialnet.unirioja.es/ejemplar/195042. Acesso em: 3 jan. 2016.

MAESTRI, Mário. O escravismo no Brasil. São Paulo: Atual, 1994.

MINTZ, Sidney W.; PRICE, Richard. O nascimento da cultura afro-americana: uma perspectiva antropológica. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Pallas, 2003.

PESCETTO, Alberto. Nota do tradutor. In: FREYRE, Gilberto. Padroni e schiavi: la formazione della famiglia brasiliana in regime di economia patriarcale. Tradução de Alberto Pescetto. Torino: Giulio Einaudi, 1965. p. 521-522.

ROSSI, Giuseppe Carlo. Interpretação do Brasil. São Paulo: Livraria José Olympio Editora, 1947. Rivista Idea, Roma, n. 5, v. 6, p. 380-381, 1949.

TOROP, Peeter. La traduzione totale. Tradução de Bruno Osimo. Milano: Hoepli, 2010.

TORRES, Marie-Hélène Catherine. Traduzir o Brasil literário. Tradução de Marlova Aseff e Eleonora Castelli. Tubarão: Copiart, 2011.

VENUTI, Lawrence. L’invisibilità del traduttore: una storia della traduzione. Tradução de Marina Guglielmi. Roma: Armando Editore, 1999.

VISCONTI, Agnese. Geografia antropica. [s.n.t.]. Apostila. Disponível em: http://www-3.unipv.it/iscr/programmi_dispense_02_03/scienze/visconti/geografia.doc. Acesso em: YUSTE FRÍAS, José. Deconstrucción, traducción y paratraducción en la era digital. In: YUSTE FRÍAS, José; LUGRIS ÁLVAREZ, Alberto (Ed.). Tradución e paratradución. Vigo: Servizo de Publicación da Univerdidade de Vigo, 2005. p. 59-84. (Colección Traducción & Paratraducción).

YUSTE FRÍAS, José. Au seuil de la traduction: la paratraduction. In: NAAIJKENS, Ton (Ed.). Event or incident. On the role of translation in the dynamics of cultural exchange. / Événement ou incident. Du rôle des traductions dans les processus d’échanges culturels. Bern, Berlin, Bruxelles: Frankfurt am Main; New York, Oxford, Wien: Peter Lang, 2010. v. 3. (Genèses de Textes-Textgenesen). Disponível em: http://www.joseyustefrias.com/index.php/publicaciones/capitulos-de-libro/174-informacion.html. Acesso em: 22 jan. 2016.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2358-9787.25.1.133-156

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2016 Nicoletta Cherobin

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.

O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira
ISSN 0102-4809 (impressa) / ISSN  2358-9787 (eletrônica)

License

Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.