A toponímia de origem tupi na Região Geográfica Intermediária de Rio Verde (GO) / The toponymy of Tupi origin in the Intermediate Geographical Region of Rio Verde (GO)

Marilze Tavares, Renato Rodrigues Pereira

Abstract


Resumo: Neste estudo, objetivou-se analisar a toponímia indígena de acidentes físicos de nove municípios da Região Geográfica Intermediária de Rio Verde (GO). Ao orientar-se por princípios teóricos e metodológicos da Toponímia, estabeleceram-se os seguintes objetivos específicos: i) verificar a etimologia e os significados dos itens lexicais que passaram a exercer a função de topônimos, como forma de buscar a motivação semântica dessas unidades e classificá-las conforme o modelo taxionômico de Dick (1990a); ii)descrever os dados em termos de produtividade no universo estudado e a estrutura morfológica; iii) comparar os nomes indígenas da região goiana com os do sul de Mato Grosso do Sul, com a intenção de averiguar se a influência de línguas indígenas é a mesma em regiões onde há comunidades autóctones atualmente. A análise demonstrou que os topônimos são, em sua maioria, motivados por elementos da vegetação e da fauna regional. O cotejamento dos dados evidenciou que topônimos de origem Tupi estão nasduas áreas comparadas. Em Mato Grosso do Sul, entretanto, a atual presença de povos indígenas confere à toponímia local características distintas, ou seja, as línguas ainda faladas por essa população interferem diretamente na toponímia da região.

Palavras-chave: Toponímia indígena; Acidentes físicos; Região Geográfica
Intermediária de Rio Verde/GO.


Abstract: This study aimed to analyze the indigenous toponymy of physical accidents in nine municipalities in the Intermediate Geographical Region of Rio Verde (GO). By being guided by theoretical and methodological principles of Toponymy, the following specific objectives were established: (i) to verify the etymology and the meanings of the lexical items that came to exercise the function of toponyms, as a way to seek the semantic motivation of these units and classify them according to Dick’s taxonomic model (1990a); (ii) to describe the data in terms of productivity in the studied universe and the morphological structure; (iii) to compare the indigenous names of the Goiás
region with those of the south of Mato Grosso do Sul, with the intention of ascertaining whether the influence of indigenous languages is the same in regions where there are indigenous communities today. The analysis showed that the toponyms are mostly motivated by elements of the vegetation and the regional fauna. The comparison of the data showed that toponyms of Tupi origin are found in both compared areas. In Mato Grosso do Sul, however, the current presence of indigenous people gives the local
toponymy distinct characteristics, i.e., the languages still spoken by this population interfere directly in the region’s toponymy.


Keywords: Indigenous toponymy; Physical accidents; Intermediate Geographic Region of Rio Verde/GO.


Keywords


Toponímia indígena; Acidentes físicos; Região Geográfica Intermediária de Rio Verde/GO; Indigenous toponymy; Physical accidents; Intermediate Geographic Region of Rio Verde/GO.

References


ATAÍDES, J. M. A Chegada do Colonizador e os Kaiapó do Sul. In:

MOURA, M. C. O. (org.) Índios de Goiás: uma perspectiva histórico-

cultural. Goiânia: Editora da UCG/Ed. Vieira/Ed. Kelps, 2006, p. 51-88.

BACKHEUSER, E. Toponímia. Suas regras, sua evolução. Revista

Geográfica, Rio de Janeiro, v. 9/10, n. 25, p. 163-195, 1952.

BRANDÃO, A. S.; RIBEIRO, S. S. C.; ABBADE, C. M. S. Análise da

motivação dos nomes dos acidentes físicos nos municípios do Portal

do Sertão – BA. PAPÉIS: Revista do Programa de Pós-Graduação em

Estudos de Linguagens – UFMS, Campo Grande, v. 24 p.121-147, 2020. Disponível em: https://seer.ufms.br/index.php/papeis/issue/view/637. Acesso em: 28 jun. 2021.

CASAL, M. A. Corografia brasileira. Belo Horizonte, Ed. Itatiaia; São

Paulo, Ed. da Universidade de São Paulo, 1976.

DICK, M. V. P. A. Método e questões terminológicas na Onomástica.

Estudo de Caso: A toponímia do estado de São Paulo. Investigações.

Lingüística e Teoria Literária. São Paulo, v. 9, p. 119-148, 1999.

DICK, M. V. P. A. A motivação toponímica e a realidade brasileira.

Arquivo do Estado: São Paulo, 1990a.

DICK, M. V. P. A. Toponímia e Antroponímia no Brasil. Coletânea de

estudos. São Paulo: Serviço de Artes Gráficas/FFLCH/USP, 1990b.

FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO. Modalidade de terras indígenas.

Disponível em: http://www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/

terras-indigenas. Acesso em: 15 jun. 2021.

GUASCH, A.; ORTIZ, D. Diccionario Castellano-Guaraní. Guaraní

Castellano. 13. ed. Paraguay: Centro de Estudios Paraguayos “Antonio

Guasch”. Asunción, Paraguay, 2008.

HOUAISSS, A. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa.

Rio de Janeiro/RJ: Editora Objetiva, 2009. Versão digital 1.0

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.

Divisão regional do Brasil em regiões geográficas imediatas e regiões

geográficas intermediárias: 2017/IBGE. Coordenação de Geografia. Rio de Janeiro: IBGE, 2017. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv100600.pdf. Acesso em: 23 jan. 2021.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E DE ESTATÍSTICA.

IBGE. Disponível em: www.ibge.gov.br.

INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Povos indígenas no Brasil.

Mebêngôkre (Kayapó). Disponível em: https://pib.socioambiental.org/

pt/Povo:Mebêngôkre_(Kayapó). Acesso em: 31 jan. 2022.

ISQUERDO, A. N.; SEABRA, M. C. T. C. A “trilha” dos buritis no

vocabulário onomástico-toponímico: um estudo na toponímia de Minas

Gerais e de Mato Grosso do Sul. In: BARROS, L. A.; ISQUERDO,

A. I. (orgs..). O léxico em foco. Múltiplos olhares. São Paulo: Cultura

Acadêmica, 2010, v. 1, p. 79-91.

ISQUERDO, A. N. A toponímia como signo da representação de uma

realidade. Fronteiras – Revista de História (UFMS). Campo Grande, v.

, n.2, p.27-46, 1997.

PEREIRA, R. R. A Toponímia de Goiás: em busca da descrição de

nomes de lugares de municípios do Sul Goiano. 2009. 204 f. Dissertação (Mestrado em Estudos de Linguagens). Campo Grande: UFMS, 2009.

PIMENTEL, P. C. G. Breve estudo sobre a ocorrência de Buriti e de

suas variantes como designativos toponomásticos na mesorregião

Central Mineira. Revista GTLex, Uberlândia, v. 6, n. 1, p.118-128, 2020. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/GTLex/article/view/57523. Acesso em: 20 jun. 2021.

SAMPAIO, T. O tupi na geografia nacional. São Paulo: Editora Nacional; Brasília, DF: INL,1987.

SAMPAIO, T. O Tupi na geografia nacional. Bahia: Secção Graphica da

Escola de Aprendizes Artificies, 1928.

SAPIR, E. Língua e Ambiente. In: Lingüística e Ciência. Rio de Janeiro:

Acadêmica: 1969, p.43-49.

SILVA, L. G.; LIMA, S. C.; SOUZA, E. A. Povos Karajá, Tapuio e Avá-

Canoeiro: desafios de (re)existência. Revista Temporis [Ação], Cidade

de Goiás (GO), v. 18, n. 1, p. 146-171, 2018. Disponível em: https://

www.revista.ueg.br/index.php/temporisacao/article/view/6913. Acesso em: 20 jun. 2021.

SOUZA, A. M.; MARTINS, R. M. A motivação toponímica na escolha

dos nomes geográficos de origem indígena da zona rural da Regional

do Baixo Acre. Revista Tropos, Rio Branco, v. 6, n. 2, p. 1-16, 2017.

Disponível em: https://periodicos.ufac.br/index.php/tropos. Acesso em: 21. jun. 2021.

SOUZA, C.; CARVALHO, S. Paisagens e histórias de Goiás. São Paulo:

Harbra LTDA, 2002.

STEWART, G. R. A classification of place-names. Names. Berkeley, v.

n. 1. p. 01-13, 1954.

TRAPERO, M. Para una teoría lingüística de la toponimia (estudios de

toponimia canaria), Universidad de Las Palmas de Gran Canaria. Servicio de publicación. Las Palmas de Gran Canaria, 1995.

TIBIRIÇA, L. C. Dicionário de Topônimos Brasileiros de Origem Tupi.

Significado dos nomes geográficos de origem tupi. São Paulo: Traço

Editora, 1985.

ULLMANN, S. Semântica: uma introdução à ciência do significado. 3.

ed. Lisboa: Fundação Calouste Gubenkian, 1973.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2237-2083.31.1.51-76

Refbacks

  • There are currently no refbacks.
';



Copyright (c) 2022 Marilze Tavares, Renato Rodrigues Pereira

Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.

e - ISSN 2237-2083 

License

Licensed through  Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional