Interpretação de texto, um processo interativo

Flávio Augusto Gomes Rosendo

Resumo


Este artigo se propõe a analisar a interpretação de textos com base na filosofia da linguagem, em cujos estudos se sucederam abordagens para situar o sentido de um texto ora em seu autor, ora em seu leitor, ora no próprio texto. Mister é a compreensão do processo interpretativo, pois, se há várias leituras possíveis de um texto, por outro lado, não há que se falar em leituras infinitas, porque o texto não suporta todas as leituras possíveis, já que algumas podem excedê-lo e romper sua estrutura e coesão. Alcançar o significado do texto importa em lidar com a linguagem. Interpretar o texto será, pois, o exercício de extrair sentido do conjunto de signos linguísticos ali grafados. Mas, como interpretar? Neste esforço teórico, ver-se-á a necessidade de se lidar simultaneamente com o autor, o texto e o leitor, que se interrelacionam nesse processo. O autor não dispõe de autoridade especial sobre a interpretação da obra publicada, como também não é dado ao leitor atribuir toda sorte de interpretações, uma vez que o texto não lhe pertence. A autoridade está no texto, é ele que dita as regras da interpretação. O sentido, contudo, não é dado pelo texto, é processo de atribuição de significados. Por isso, a interpretação, ou a atribuição de sentidos, é processo interativo entre autor, texto e leitor.

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2317-4242.9.0.63-73

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Revele: Revista Virtual dos Estudantes de Letras
ISSN 2317-4242 (eletrônica)

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