Vigor e naufrágio: a modernidade ambivalente de Arthur Rimbaud / Vigor and Shipwreck: Arthur Rimbaud’s Ambivalent Modernity

Eduardo Veras

Resumo


Resumo: Este artigo pretende discutir a famosa afirmação “Il faut être absolument moderne” (“Devemos ser absolutamente modernos”), feita por Arthur Rimbaud, no poema final de Une saison en enfer. Para tanto, analiso, além do referido poema, trechos das célebres “Lettres du voyant”, endereçada por Rimbaud a Paul Demeny em maio de 1871, e do poema “Le bateau ivre”. Em diálogo com teóricos que se ocuparam do conceito de modernidade e seus paradoxos, em especial Antoine Compagnon e Henri Meschonnic, procuro demonstrar que o discurso de Rimbaud sobre o moderno é essencialmente ambivalente, revelando menos uma pretensa antecipação da doutrina vanguardista do novo que o impasse sem solução no qual se inscreve a obra do poeta de Charleville. Tal impasse é apresentado no artigo a partir das imagens do vigor e do naufrágio e de um breve esboço de comparação com a poética de Baudelaire, representada em especial pelo poema derradeiro de Les fleurs du mal, “Le Voyage”.

Palavras-chave: Rimbaud; modernidade; Baudelaire; ambivalência; vigor; naufrágio.

Abstract: This article aims to discuss the famous statement “Il faut être absolument moderne” (“One must be absolutely modern”), made by Arthur Rimbaud, in the final poem of Une saison en Enfer. To that end, I analyze, in addition to the aforementioned poem, excerpts from one of the famous “Lettres du voyant”, addressed by Rimbaud to Paul Demeny in May 1871, and the poem “Le bateau ivre”. In dialogue with theorists who dealt with the concept of modernity and its paradoxes, especially Antoine Compagnon and Henri Meschonnic, I try to demonstrate that Rimbaud’s discourse on modernity is essentially ambivalent, revealing more the impasse without solution in which the work of the poet of Charleville is inscribed than an alleged anticipation of the avant-garde doctrine of the new. The article presents this impasse without solution based on images of vigor and shipwreck and a brief sketch of comparison with Baudelaire’s poetics, represented in particular by Les Fleurs du mal’s ultimate poem, “Le Voyage”.

Keywords: Rimbaud; modernity; Baudelaire; ambivalence; vigor; shipwreck.


Palavras-chave


Rimbaud; modernidade; Baudelaire; ambivalência; vigor; naufrágio; Rimbaud; modernity; Baudelaire; ambivalence; vigor; shipwreck.

Texto completo:

PDF

Referências


BAUDELAIRE, Charles. As flores do mal. Tradução e organização de Júlio Castañon Guimarães. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2019.

BAUDELAIRE, Charles. Œuvres complètes. Texte établi, présenté et annoté par Claude Pichois. Paris: Gallimard, 1975-1976. 2v. Coll. Bibliothèque de la Pléiade.

BENJAMIN, Walter. “Experiência e pobreza”. In: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994. Obras Escolhidas v. 1.

COMPAGNON, Antoine. Os cinco paradoxos da modernidade. Tradução de Cleonice P. B. Mourão, Consuelo F. Santiago e Eunice D. Galéry. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1996.

FRIEDRICH, Hugo. Estrutura da lírica moderna: da metade do século XIX a meados do século XX. Tradução de Marise M. Curioni. São Paulo: Duas Cidades, 1978.

MALLARMÉ, Stéphane. Mallarmé. Traduções de Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos. Coleção signos. São Paulo: Perspectiva, 2002.

MESCHONNIC, Henri. Modernité. Paris: Gallimard, 1988.

PAZ, Octavio. Signos em rotação. Tradução de Sebastião Uchoa Leite. São Paulo: Perspectiva, 2003.

RICHARD, Jean-Pierre. Poésie et profondeur. Paris: Éditions du Seuil, 1955.

RIMBAUD, Arthur. Correspondência. Tradução de Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Topbooks, 2008.

RIMBAUD, Arthur. Œuvres completes. Édition établie par André Guyuax. Avec la collaboration d’Aurélia Cervoni. Paris: Gallimard, 2009. Collection Bibliothèque de la Pléiade.

RIMBAUD, Arthur. Rimbaud livre. Introdução e traduções de Augusto de Campos. São Paulo: Perspectiva, 2002.

RIMBAUD, Arthur. Uma temporada no inferno e Iluminações. Tradução de Lêdo Ivo. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982.

SISCAR, Marcos. Da soberba da poesia: distinção, elitismo, democracia. São Paulo: Lumme Editor, 2012.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2238-3824.25.2.133-147

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2020 Eduardo Veras

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.