A criatividade lexical da língua portuguesa: uma análise com brasileirismos e moçambicanismos

Alexandre António Timbane

Resumo


Resumo: A presente pesquisa é uma reflexão sobre a variação linguística do português brasileiro e moçambicano na vertente lexical, na qual discutimos em primeiro lugar os conceitos de estrangeirismos, empréstimos, brasileirismos e moçambicanismos.Trabalhando com corpora de três dicionários (um moçambicano,um brasileiro e um português), concluímos que os brasileirismos provêm das línguas tupi, inglês, italiano, japonês e muitas outraslínguas que chegaram ao Brasil fruto da colonização. Osmoçambicanismos resultam também do contato entre o portuguêse as mais de vinte línguas bantu faladas em Moçambique bem comodo inglês e das línguas asiáticas. Concluímos ainda que tanto osbrasileirismos quanto os moçambicanismos só enriquecem a línguaportuguesa que une todos países lusófonos.
Palavras-chave: Brasileirismos; moçambicanismos; variação.


Abstract: This research is a discussion on the linguistic variation of Brazilian and Mozambican Portuguese in lexical aspect, in which we discussed first the concepts of foreigness, loans, brazilianisms and mozambicanisms. Working with corpora of three dictionaries (one Mozambican, one Brazilian and one Portuguese), we concluded that the brazilianisms come from Tupi, English, Italian, Japanese languages and many other languages that arrived in Brazil as result of colonization. The mozambicanisms also result from contact between Portuguese and over twenty Bantu languages spoken in Mozambique as well as English and asian languages. We can also conclude that both brazilianisms and mozambicanisms only enrich Portuguese language that unites all Portuguese speaking countries.
Keywords: Brazilianisms; mozambicanisms; variation.


Texto completo:

PDF

Referências


ALVES, I. M. A neologia na língua falada. In: PRETI, D. (Org.). Léxico na língua oral e na escrita. São Paulo: Humanitas/FFLCH, 2003.

ALVES, I. M. Integração de estrangeirismos à língua portuguesa. In: HERNANDES, M. C. et al. (Org.). A língua portuguesa no mundo. São Paulo: FFLCH-USP, 2008.

APPEL, R.; MUYSKEN, P. Bilingüismo y contacto de lenguas. Barcelona: Ariel, 1996.

BAGNO, M. Cassandra, fênix e outros mitos. In: FARACO, C. A. Estrangeirismos: guerras em torno da língua. São Paulo: Parábola, 2002.

BELINE, R. A variação linguística. In: FIORIN, J. L. (Org.). Introdução à linguística. São Paulo: Contexto, 2010.

CUNHA, A. G. da. Os estrangeirismos da língua portuguesa: vocabulário histórico-etimológico. São Paulo: Humanitas, FFLCH/USP, 2003.

DIAS, H. N. A norma-padrão e as mudanças linguísticas na língua portuguesa nos meios de comunicação de massas em Moçambique. In: DIAS, H. N. (Org). Português moçambicano: estudos e reflexões. Maputo: Imprensa Universitária, 2009.

DIAS, H. N. Minidicionário de moçambicanismos. Maputo: Imprensa Universitária, 2002.

DIAS, H. N. Os empréstimos lexicais das línguas bantu no português. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE LÍNGUA PORTUGUESA EM ÁFRICA, 14-15 novembro 1991, Santarém. Actas... Santarém: Instituto Politécnico de Santarém/Escola Superior de Educação, 1993.

DICIONÁRIO INTEGRAL UNIVERSAL DA LÍNGUA PORTUGUESA. 3. ed. Maputo: Texto Editores, 2008.

FARIA, I. H. Contacto, variação e mudança linguística. In: MATEUS, M. H, M. et al. (Org.). Gramática da língua portuguesa. Lisboa: Caminho, 2003.

FIRMINO, G. A questão linguística na África pós-colonial: o caso do português e das línguas autóctones em Moçambique. Maputo: Promédia, 2001.

FREITAS, T.; RAMILO, M. C.; SOALHEIRO, E. O processo de interação dos estrangeirismos no português europeu. In: MATEUS, M. H. M.; NASCIMENTO do, F. B. (Org.). A língua portuguesa em mudança. Lisboa: Caminhos, 2005.

GOIS, M. L. de S. O tupi no português brasileiro: a produtividade lexical. 2001. 205p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Ciências e Letras, UNESP, 2001.

GONÇALVES, C. A. F. et al. O uso do estrangeirismo na língua portuguesa. Revela, Lisboa, v. V, n. X, p. 1-32, 2011.

GONÇALVES, P. Lusofonia em Moçambique com ou sem glotofagia? São Paulo, 2012 (Comunicação apresentada no II Congresso Internacional de Linguística Histórica, realizado em São Paulo, no período de 07 a 11 de fevereiro de 2012). Disponível em: http://www.catedra portugues.uem.mz/lib/docs/lusofonia_em_mocambique.pdf. Acesso em: 14 dez. 2012.

GUILBERT, L. La créativité lexicale. Paris: Larousse, 1975.

HOUAISS, A.; VILLAR, M. Dicionário houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

IBGE. Censo 2010: população indígena é de 896,9 mil, tem 305 etnias e fala 274 idiomas. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: http://censo2010.ibge.gov.br/noticias-censo?view=noticia&id=1&idnoticia= 2194&busca=&t=censo-2010-populacao-indigena-896-9-mil-tem-305-etnias-fala-274. Acesso em: 03 nov. 2013.

ILARI, R.; BASSO, R. O português da gente: a língua que estudamos, a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2009.

LINDEGAARD, V. S. Moçambicanismos: um glossário com algumas imagens. Disponível em: http://mocambicanismos.blogspot.com.br. Acesso em: 19 ago. 2012.

LOPES, A. J. A batalha das línguas: perspectivas sobre linguística aplicada em Moçambique. Maputo: Imprensa Universitária, 1997.

LOPES, A. J. Política linguística: princípios e problemas. Maputo: Imprensa Universitária, 2004.

MARTINS, J. P. Idioma português brasileiro. São Paulo: Scortecci, 2007.

MATEUS, M. H. M. A face exposta da língua portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional, 2002.

NEVES, M. H. M. Guia de uso do português: confrontando regras e usos. 4. ed. São Paulo: UNESP, 2003.

NGUNGA, A.; BAVO, N. Uso e práticas linguísticas em Moçambique: avaliação da vitalidade linguística em seis distritos. Maputo: Imprensa Universitária, 2011.

OLIVEIRA, G. M. de. Plurilinguismo no Brasil. Brasília: UNESCO/IPOL, 2008. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0016/001611/161167por.pdf. Acesso em: 15 dez. 2012.

PERINI, M. A língua do Brasil amanhã e outros mistérios. São Paulo: Parábola, 2004.

POSSENTI, S. A questão dos estrangeirismos. In: FARACO, C. A. (Org.). Estrangeirismos: guerras em torno da língua. São Paulo: Parábola, 2002.

SABLAYROLLES, J.-F. La néologie aujourd’hui. In: GRUAZ, C.; LIMOGES, L-L. (Org.). À la recherche du mot: de la langue au discours. Paris: LLI, 2006. p.141-157.

TIMBANE, A.A. Os estrangeirismos e os empréstimos no português falado em Moçambique. Via Litterae, Anápolis, v. 4, n. 1, p. 5-24, 2012. Disponível em: www2.unucseh.ueg.br/vialitterae/index.php?id=78. Acesso em: 11 out. 2012.

TORRI, R. Os processos de integração dos empréstimos linguísticos no português. 2007. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Faculdade de Ciências e Letras, UNESP, 2007.

VILELA, M. Ensino da língua portuguesa: léxico, dicionário, gramática. Coimbra: Almedina, 1995.

VILELA, M. Estudos de lexicologia do português. Coimbra: Almedina, 1994.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2238-3824.18.2.7-30

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2013 Alexandre António Timbane