Mal-branco, humanismo, civilização: tensões e perversões em Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago

Gislene Teixeira Coelho

Resumo


Este artigo apoia suas discussões na representação da cegueira branca da obra Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, que visualiza nessa experiência radical a potência de esgarçar os conceitos de civilização e cividade. O romance põe à prova todos os limites que distinguem o homem do animal, da natureza e da barbárie, mostrando a tenuidade das fronteiras que os separam, dada a demonstração de ações e reações agressivas, primitivas e aterradoras. Além disso, tal experiência revela a falência dos principais discursos de poder, representados no romance pelo exército, pelo governo, pela cultura, pela religião e pela ciência, que, diante de situações radicais e inauditas, expõem suas dificuldades em responder às reais necessidades humanas. A obra exprime o lamento pela desumanização do homem e das práticas humanas, bem como deixa o rastro de um chamado para que o humanismo seja colocado na agenda do dia.


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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/1982-0739.26.3.58-78

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Em Tese
ISSN 1415-594X (impressa) / ISSN 1982-0739 (eletrônica)


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