Nossas mãos moldando tridimensionalidades: memória e história em Azul corvo, de Adriana Lisboa

Ilse Maria da Rosa Vivian, Guilherme Buzatto

Resumo


Tanto a narrativa histórica quanto a narrativa literária, ainda que com interesses distintos, por serem organizadas em discursos, carregam no âmago de suas naturezas uma problemática comum, a da memória. Estabelecer relações entre presente e passado pressupõe estar sujeito à dinâmica da memória, cujo processo, com ou sem compromisso com o factual, inevitavelmente, escapa aos desígnios da mera reprodução. Em Azul corvo, Vanja propõe-se a narrar sua vida. Desvelar si mesma significa mobilizar o passado e problematizar as intersecções entre os planos da história e os das subjetividades no processo de composição das identidades. A partir da análise da narrativa, atentando para o percurso de formação da protagonista, observa-se que o discurso da memória no referido romance é elaborado a partir de dois principais procedimentos: pela descentralização do sujeito na composição da matéria subjetiva, que transcende a individualidade e relativiza a dimensão plural e histórica contida na narrativa de uma vida; e pela inscrição do corpo que, no ato de rememorar, experiencia e humaniza o passado histórico, reatualizando pela vivência eventos outrora dados como encerrados por uma visão plena e absoluta.


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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/1982-0739.28.3.111-131

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Em Tese
ISSN 1415-594X (impressa) / ISSN 1982-0739 (eletrônica)


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