Inacabamento e Cotidiano: um ensaio sobre o contista Marques Rebelo

Rafael Souza

Resumo


Ao longo de sua trajetória como escritor, Marques Rebelo circulou pelos mais variados gêneros literários. A despeito disso, é notável sua inclinação para o conto, com o qual marcou sua estreia no mundo das letras com o volume intitulado Oscarina (1931), seguido por Três caminhos (1933) e Stela me abriu a porta (1942). Mas, mais do que isso: pelo ritmo ágil de suas narrativas e por seus desfechos abertos, é possível identificar o contista Marques Rebelo mesmo em seus romances, especialmente Marafa (1935) e A estrela sobe (1939). Nesse sentido, o presente artigo tem como objetivo analisar a obra rebeliana produzida nesse período levando em consideração, por um lado, certo inacabamento da forma e, por outro, a dimensão da vida cotidiana em suas tramas. Nossa hipótese é a de que, em Rebelo, esses elementos não apenas se correlacionam como concorrem para uma literatura que lhe possibilita: a) escapar ao cânone ensaístico e sociológico – sem necessariamente confrontá-lo; b) criar para si mesmo uma espécie de entrelugar na história da literatura; c) puir qualquer linha hierárquica entre grandes e pequenos dramas humanos no devir histórico.


Palavras-chave


Marques Rebelo; contos; cotidiano

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2358-9787.25.2.87-103

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